Wise avança com plano de expansão nos EUA apesar de aumento de despesas

Fintech britânica busca obter licença de banco fiduciário e fazer dupla listagem no país, mesmo com o impacto das iniciativas sobre o lucro

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Bloomberg — A Wise segue adiante com seu plano de se tornar um banco fiduciário nacional nos Estados Unidos e de listar suas ações também no mercado americano, mesmo com o impacto dessas iniciativas sobre o lucro e diante da resistência de bancos tradicionais.

As despesas administrativas dispararam 27%, chegando a £ 466 milhões nos seis meses encerrados em setembro, informou a empresa em comunicado nesta quinta-feira (6). Desse total, £ 11,5 milhões foram gastos relacionados ao projeto de dupla listagem, segundo a Wise.

O aumento dos custos afetou o lucro, que caiu 17% no período, para £ 122 milhões.

“O estatuto de banco fiduciário nacional vai nos ajudar a investir ainda mais no crescimento do negócio e no aprimoramento de nossos produtos, tanto nos EUA quanto globalmente”, afirmou o diretor financeiro Emmanuel Thomassin em teleconferência com jornalistas. “O processo de solicitação está em andamento.”

As ações da Wise chegaram a cair 10% antes de reduzir as perdas para 5,05% no fechamento em Londres.

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A operação da Wise nos Estados Unidos já conta com mais de 750 funcionários, dos quais mais de 450 estão baseados em Austin, no Texas.

A fintech segue contratando ativamente dezenas de novos profissionais — de engenheiros a cargos-chave de controle financeiro — após ter solicitado, em junho, autorização para ser regulada diretamente pelo Escritório do Controlador da Moeda dos EUA (OCC) como banco fiduciário nacional.

A decisão de buscar o status de banco regulado nos EUA veio depois de a Wise ter anunciado, nos últimos meses, que pretende transferir sua listagem principal da bolsa de Londres para o mercado americano já no ano que vem.

Para o exercício completo, a empresa espera que as despesas administrativas cheguem a cerca de £ 1 bilhão, incluindo aproximadamente £ 35 milhões em custos relacionados à dupla listagem.

A Wise afirmou que o principal motivo do aumento dos gastos neste ano foi a expansão da equipe — a fintech contratou mais de mil pessoas no semestre encerrado em setembro.

“Esperamos continuar contratando no segundo semestre”, disse Thomassin no comunicado. “Isso supera nossos planos iniciais para o ano e reflete um investimento estratégico na ampliação da capacidade e das competências voltadas ao crescimento de longo prazo.”

Reação do setor

A Wise afirmou que a nova listagem ajudará a empresa em sua meta de formar parcerias com mais de 4 mil bancos em todo os Estados Unidos.

Mas associações que representam os maiores bancos americanos — incluindo o Bank Policy Institute — têm pressionado o OCC para que não conceda cartas de banco fiduciário nacional à Wise e a outras fintechs concorrentes.

Segundo esses grupos, ao buscar licenças com escopo tão restrito, as empresas de tecnologia financeira acabam criando um desequilíbrio competitivo.

“Nosso foco é o processo de solicitação”, disse Thomassin na conversa com jornalistas. “Vamos trabalhar de perto com o OCC durante a análise da proposta e, se o órgão tiver dúvidas ou preocupações, trataremos delas diretamente com o regulador.”

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