Vendas da Richemont superam estimativas com demanda por joias da Cartier

A divisão de joias, que responde por cerca de 72% da receita da Richemont, teve alta de 8% no ano e de 11% no trimestre

Por

Bloomberg — A Richemont registrou um aumento nas vendas do ano inteiro, uma vez que a popularidade contínua de sua marca Cartier tornou o grupo suíço mais resistente do que rivais como a LVMH em um mercado de artigos de luxo em declínio.

As vendas no ano encerrado em março na unidade de joias da Richemont, que também inclui a Van Cleef & Arpels, aumentaram 8% a taxas de câmbio constantes, informou a empresa em um comunicado divulgado nesta sexta-feira (16).

Os analistas esperavam um ganho de 7,54%. No trimestre mais recente, a receita da divisão aumentou 11%.

Leia também: De LVHM a Richemont: grupos de luxo reduzem aberturas de lojas na Europa

As ações subiram até 5,7% no início do pregão na Suíça. Até quinta-feira, elas haviam ganhado cerca de 15% este ano, em comparação com uma queda de 17% da LVMH.

A Richemont conseguiu resistir à desaceleração da demanda por artigos de luxo melhor do que seus pares, uma vez que a joalheria, sua maior divisão, é menos vulnerável aos caprichos da desaceleração econômica e da moda.

Além disso, a receita foi favorecida por uma fuga para os metais preciosos em tempos de incerteza e preços mais altos. Em contraste, a rival francesa LVMH, que possui marcas de joias como Bulgari e Tiffany, mas que depende em grande parte de produtos mais sensíveis do ponto de vista econômico, como bolsas e roupas, divulgou resultados menos expressivos no trimestre mais recente.

Leia também: Vendas de grupo de Cartier e Montblanc surpreendem e avançam 10% no trimestre

O mercado de luxo tem se esforçado para sair de um período de crescimento lento causado, em parte, pelos compradores chineses que estão reduzindo as compras caras.

As perspectivas do setor se tornaram ainda mais sombrias desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, começou a impor, no mês passado, tarifas sobre as importações de todos os setores e países.

Mas, em uma ligação com jornalistas, o presidente da Richemont, Johann Rupert, mostrou-se otimista em relação a esses dois mercados importantes, dizendo que vê uma eventual recuperação na China e que os EUA estavam usando “tarifas de forma transacional” para corrigir “desequilíbrios que precisam ser tratados”.

Segundo ele, os consumidores chineses ainda estão marcados pelos lockdowns durante a pandemia.

“Mas é uma questão de tempo até que eles se sintam relaxados novamente, eles têm muitas economias”, acrescentou. “Espero que, quando os consumidores ficarem um pouco mais confiantes, as coisas voltem ao normal.”

O grupo, cuja divisão de joias gera cerca de 72% das vendas totais do grupo, teve ganhos de dois dígitos na receita em quase todos os seus mercados no trimestre mais recente.

As vendas do grupo no quarto trimestre aumentaram 16% nas Américas, 13% na Europa e 22% no Japão. Embora as vendas na região que inclui a China tenham caído 7%, o declínio foi quase a metade da queda do ano inteiro.

“A Richemont continuou a ganhar participação significativa no mercado de joias”, escreveu Jean-Philippe Bertschy, analista da Vontobel Equity Research, em uma nota.

“O crescimento e o lucro são espetaculares, especialmente quando comparados ao principal concorrente LVMH.” Ainda assim, o analista advertiu que “a empresa não é imune ao atual ambiente volátil”.

A empresa está analisando várias opções, inclusive o aumento de preços, para atenuar a dor das tarifas e os efeitos significativos da moeda, disse Rupert

A Richemont aumentou os preços de suas marcas Cartier e Van Cleef & Arpels após os aumentos de tarifas de Trump, de acordo com a Jefferies. A empresa também teve que lidar com os preços mais altos do ouro.

O metal precioso, considerado um porto seguro, subiu mais de 20% este ano em meio às tensões geopolíticas.

“Esse aumento de vendas, combinado com custos operacionais disciplinados e aumentos de preços direcionados, ajudou a mitigar o impacto dos custos mais altos de matérias-primas, principalmente o ouro, em nossa lucratividade”, disse a Richemont no comunicado.

Para o ano inteiro, a empresa divulgou lucro operacional de € 4,47 bilhões (US$ 4,48 bilhões), abaixo dos € 4,55 bilhões estimados pelos analistas.

Veja mais em bloomberg.com