Bloomberg — A Vale e a Glencore avaliam desenvolver juntas um projeto de cobre no Canadá, enquanto as duas empresas buscam ampliar a exposição a um metal que deve enfrentar escassez à medida que o mundo avança na eletrificação.
A colaboração proposta entre a divisão de metais básicos da Vale e a gigante suíça de commodities prevê o desenvolvimento conjunto de um projeto de US$ 1,6 bilhão a US$ 2 bilhões em propriedades vizinhas no cinturão de Sudbury, informou a Vale (VALE3) em comunicado nesta terça-feira (2). O empreendimento teria capacidade de produzir 880 mil toneladas ao longo de 21 anos.
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Mineradoras ao redor do mundo têm se associado para controlar custos e elevar a produção, em um momento em que a qualidade do minério piora e novos projetos ficam mais caros — justamente quando cresce a demanda pelo metal usado em fiação, impulsionada pela transição energética e pela construção de data centers para alimentar a IA.
A Vale e a Glencore discutem uma parceria canadense há cerca de duas décadas, e o anúncio desta terça ocorre em meio a preços do cobre próximos a recordes. A Vale, com sede no Rio de Janeiro, indicou que o acordo funciona como um projeto-piloto para arranjos semelhantes.
“Se conseguirmos fechar um, isso deve abrir caminho para outros”, disse Shaun Usmar, chefe da divisão de metais básicos da Vale, em evento em Londres. “O setor precisa de mais iniciativas desse tipo.”
O acordo pode ajudar a aliviar a insatisfação de investidores da Glencore, cada vez mais frustrados com o desempenho fraco das ações, em um momento em que a produção de cobre da companhia deve cair pelo quarto ano seguido.
A Vale traçou um plano para dobrar a capacidade de produção de sua unidade de metais básicos para cerca de 700 mil toneladas ao ano até 2035. Ainda assim, o volume permaneceria modesto em comparação aos concorrentes, e a empresa brasileira teria mantido conversas intermitentes sobre uma combinação com a Teck Resources antes de esta aceitar se fundir com a Anglo American.
Embora a Vale veja mais valor no desenvolvimento de seus próprios ativos, a companhia também avalia oportunidades para aumentar mais rapidamente sua exposição ao cobre, afirmou o presidente Gustavo Pimenta no mesmo evento.
O acordo Vale-Glencore no Canadá estabelece as bases para avaliar a combinação de operações subterrâneas, incluindo o aprofundamento de um poço já existente na mina Nickel Rim South, da Glencore, e a abertura de novos túneis para acessar depósitos de cobre.
A intenção é que Vale e Glencore avancem para uma joint venture com participação igualitária no projeto. Além de cobre, as empresas também produziriam níquel, cobalto, ouro e outros minerais críticos.
Os trabalhos de engenharia detalhada, licenciamento e consultas ocorrerão no próximo ano, e a decisão final de investimento está prevista para o primeiro semestre de 2027.
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