Bloomberg — A Unilever listará sua unidade de sorvetes principalmente em Amsterdã, informou a empresa de bens de consumo, com Londres e Nova York recebendo listagens secundárias quando a fabricante da Ben & Jerry’s for desmembrada este ano.
A decisão será um golpe para a Bolsa de Valores de Londres, que esperava que a Unilever pudesse escolhê-la como uma única bolsa. O mercado doméstico da divisão de sorvetes, a Holanda, também queria uma listagem única, embora o governo tenha dito que acolheu o anúncio na quinta-feira.
A empresa tem enfrentado intensa pressão do governo holandês para cumprir um compromisso anterior - assumido quando a Unilever optou por se estabelecer no Reino Unido em 2020 - de listar seu negócio de alimentos mais amplo na Holanda. No final do ano passado, a sede da empresa de sorvetes foi transferida de Roterdã para Amsterdã.
O CEO Hein Schumacher disse à Bloomberg TV que a escolha das três bolsas onde a Unilever já está listada evitaria a “venda técnica forçada” por parte de seus acionistas e permitiria que eles mantivessem participações na divisão de sorvetes. “Esse foi o maior motivo para fazer isso”, disse ele.
Jean-Francois van Boxmeer, um executivo experiente e ex-CEO da cervejaria Heineken NV, foi escalado como presidente eleito para o negócio de sorvetes.
Os Estados Unidos são o maior mercado para as marcas de sorvete da Unilever, que também incluem a Breyers e a Magnum, e as empresas estão cada vez mais migrando para a Bolsa de Valores de Nova York, onde há maior liquidez e avaliações mais altas.
Mas as ações da Unilever - que subiram quase 20% nos últimos 12 meses até o fechamento de quarta-feira - caíram até 7,7% em Londres, a maior queda intradiária em três anos.

A decisão de vender ou cindir o negócio de sorvetes foi tomada depois que Schumacher revelou, no ano passado, uma iniciativa de corte de custos que inclui a eliminação de 7.500 postos de trabalho em todo o mundo, em uma tentativa de reanimar o desempenho fraco.
Ele também está tentando se afastar do crescimento baseado em preços, sempre que possível, após um período de alta inflação, concentrando-se na expansão dos volumes.
O negócio de sorvetes, altamente sazonal, também representou uma dor de cabeça para a Unilever, que teve de lidar com as posições políticas assumidas pela Ben & Jerry’s, inclusive em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia e à ação militar de Israel em Gaza.
Os planos de listagem da Unilever foram anunciados no mesmo dia em que a empresa informou um aumento de 4% nas vendas subjacentes no quarto trimestre, superando por pouco a previsão de 3,9% dos analistas.
A fabricante da maionese Hellmann’s e do sabonete Dove também previu uma modesta melhora na lucratividade em 2025 e iniciou uma recompra de ações no valor de 1,5 bilhão de euros (US$ 1,6 bilhão).
No entanto, a empresa alertou para um início de ano lento, com crescimento moderado do mercado e custos mais altos de commodities.
As crescentes tensões comerciais globais, exacerbadas pelo retorno do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Casa Branca, ameaçam alimentar a inflação e pressionar os consumidores nos principais mercados da Unilever, incluindo os Estados Unidos, onde a empresa tem um grande negócio de beleza.
A rival Nestlé também divulgou seus lucros na quinta-feira e disse que está tentando elevar o crescimento das vendas dos níveis historicamente baixos, aumentando os preços de produtos como o café, em meio à escalada dos custos das commodities, ao mesmo tempo em que controla as despesas.
--Com a ajuda de Charlotte Hughes-Morgan e Joel Leon.
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