Para Wells Fargo, Tesla se tornou uma empresa ‘growth’ sem o crescimento

Analista do banco americano, um dos maiores dos EUA, rebaixou a classificação da ação da montadora para venda; papel acumula queda de 29% em 2024

Argumento do analista Colin Langan para o rebaixamento da classificação das ações para venda foi que o crescimento da montadora nos principais mercados desacelerou (Foto: Nina Riggio/Bloomberg)
Por Esha Dey
13 de Março, 2024 | 03:55 PM

Bloomberg — A postura de Wall Street em relação à Tesla (TSLA) piorou nesta quarta-feira (13), quando mais um analista alertou sobre os riscos nas vendas e disse que estratégia da empresa de reduzir os preços para impulsionar a demanda estava perdendo sua eficácia.

O crescimento da montadora de veículos elétricos nos seus principais mercados diminuiu, escreveu o analista do Wells Fargo (WFC), Colin Langan, em uma nota aos clientes, ao rebaixar a ação para o equivalente a uma classificação de venda.

Langan espera que os volumes de vendas da Tesla se mantenham estáveis este ano e caiam em 2025.

A empresa de Elon Musk é uma “empresa de growth sem o crescimento”, escreveu Langan, se referindo ao termo usado no mercado para descrever as ações de empresas com forte potencial de crescimento nas receitas e nos lucros.

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Ele destacou que os volumes de vendas aumentaram apenas 3% no segundo semestre de 2023 em relação ao primeiro semestre, enquanto os preços caíram 5%.

(Fonte: Bloomberg

Os analistas da Tesla estão cada vez mais cautelosos, e a proporção de avaliações otimistas para a ação atingiu o menor nível desde abril de 2021.

O sentimento deteriorou após a empresa afirmar em janeiro que seu crescimento será “notavelmente menor” este ano, ao passo que outras montadoras de automóveis, fornecedores de veículos elétricos e até mesmo empresas de aluguel de carros expressaram comentários igualmente cautelosos sobre a demanda de curto prazo por veículos elétricos.

Como uma empresa de veículos elétricos pura com uma valorização extremamente alta, as ações da Tesla sofreram um grande impacto.

A ação já caiu 29% este ano até o fechamento da terça-feira (12), colocando-a entre as piores do índice S&P 500. A empresa sediada em Austin, no Texas, caía até 2,8% nas negociações pré-mercado em Nova York.

A queda deste ano já retirou mais de US$ 224 bilhões do valor de mercado da empresa e a tirou da lista das dez maiores empresas do S&P 500.

Mesmo após a queda, as ações ainda são negociadas a 55 vezes o seu lucro futuro, ante uma média de cerca de 31 para o índice Magnificent 7 Total Return Index da Bloomberg, que monitora o retorno de ações das chamadas Magnificent Seven (as “Sete Magníficas”, em tradução livre), que é conjunto das sete empresas de tecnologia mais negociadas formado por Apple (AAPL), Alphabet (GOOG), Amazon (AMZN), Meta (META), Microsoft (MSFT), Nvidia (NVDA) e Tesla.

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“Embora seja líder em veículos elétricos e tecnologia de baterias, a Tesla tem desempenho inferior em comparação com seus pares entre as ‘Mag Seven’″, disse Langan, do Wells Fargo, observando a discrepância de valorização.

O analista reduziu sua estimativa de lucro para a empresa em 2024 para US$ 2 por ação, ante US$ 2,40. Isso se compara à expectativa média dos analistas de US$ 3,03 por ação para o ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.

No entanto, alguns analistas veem um futuro promissor para a empresa, e a queda das ações reflete uma perspectiva excessivamente pessimista.

“A história da demanda por veículos elétricos globalmente claramente diminuiu, no entanto acreditamos que a Tesla está em uma trajetória mais ampla para retomar o crescimento e a melhoria da margem ao longo dos próximos trimestres”, escreveu o analista da Wedbush, Dan Ives, em uma nota na quarta-feira. “Não é o momento de desistir da Tesla.”

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