Bloomberg — A Tesla recuou da previsão anterior de crescimento nas vendas para 2025 e prometeu revisar sua projeção no próximo trimestre, em um sinal de que as tarifas comerciais, uma linha de veículos envelhecida e a reação negativa global ao CEO Elon Musk estão afetando a montadora de veículos elétricos.
A empresa divulgou nesta terça-feira (22), depois do fechamento de mercado, um lucro ajustado equivalente a US$ 0,27 por ação no primeiro trimestre, abaixo da média das estimativas de analistas.
A Tesla omitiu a previsão anterior de que as vendas voltariam a crescer no ano e afirmou em vez disso que está “fazendo investimentos prudentes que prepararão” o negócio de veículos para o crescimento.
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Isso dependerá de fatores como o aumento da produção e o “ambiente macroeconômico mais amplo.”
“É difícil mensurar os impactos das mudanças nas políticas comerciais globais nas cadeias de suprimento automotiva e energética, em nossa estrutura de custos e na demanda por bens duráveis e serviços relacionados”, disse a Tesla.
As ações da Tesla (TSLA) subiam perto de 4% às 17h30 no horário estendido de negociação em Nova York. No acumulado de 2025, no entanto, a queda ainda é superior a 40%.
A perspectiva mais fraca para o ano vem após um 2024 difícil, quando a montadora não atingiu sua meta anual de crescimento nas vendas pela primeira vez em mais de uma década.
A empresa de Elon Musk também ficou aquém das expectativas dos analistas nas vendas de veículos do primeiro trimestre, divulgadas no início deste mês.
As tarifas impostas pelo presidente Donald Trump estão agravando os desafios da Tesla e ameaçam desorganizar as cadeias globais de suprimento automotivo e aumentar os custos em todo o setor.
Embora a Tesla deva ser relativamente menos afetada do que muitas montadoras tradicionais, devido às suas grandes fábricas na Califórnia e no Texas, seus veículos ainda contêm componentes não produzidos nos EUA, e a empresa já alertou sobre possíveis impactos.
O ativismo político de Musk também tem provocado reações negativas globalmente, devido às suas ligações com o governo Trump e ao apoio a posições consideradas controversas na Europa.
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Showrooms e estações de carregamento de baterias da Tesla se tornaram alvos de protestos e atos de vandalismo, especialmente nos Estados Unidos.
O movimento descentralizado Tesla Takedown acusa Musk de prejudicar democracias no mundo e incentiva pessoas a venderem seus carros da Tesla e suas ações da empresa, embora condene qualquer ato de violência ou vandalismo.
Nesta semana, o analista Dan Ives, da Wedbush Securities, escreveu que a Tesla enfrenta uma “possível destruição permanente de 15% a 20% da demanda futura” devido aos danos à marca provocados por Musk com o DOGE — sigla para o Department of Government Efficiency, que o bilionário lidera.
A empresa afirmou que a “mudança no sentimento político” é outro elemento que “pode ter um impacto significativo na demanda por nossos produtos no curto prazo.”
Autonomia e Robótica
Musk, por sua vez, aposta cada vez mais no futuro da Tesla com foco em autonomia de direção, como o táxi sem motorista, e em robótica, o que inclui o robô humanoide Optimus.
“Embora continuemos implementando inovações para reduzir os custos de fabricação e operação, esperamos, com o tempo, que nossos lucros com hardware sejam acompanhados por uma aceleração nos lucros provenientes de IA, software e frotas”, afirmou a empresa no comunicado aos acionistas.
A montadora afirmou que os planos para novos veículos, incluindo modelos mais acessíveis, seguem no cronograma para o início da produção no primeiro semestre deste ano.
Isso pode surpreender alguns investidores, dado que a Reuters havia informado na semana passada que o início da produção seria adiado por alguns meses.
A Tesla disse que já preparou suas fábricas para o lançamento de novos modelos durante o tempo de inatividade enquanto realizava a transição das linhas de produção para a versão atualizada do Model Y.
A empresa destacou a necessidade de oferecer opções mais acessíveis aos consumidores, dado o cenário de incerteza econômica resultante das políticas comerciais.
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