SoftBank compra unidade de robótica da ABB por US$ 5,4 bi e reforça aposta em IA

O investimento se soma à estratégia do SoftBank em IA e automação, que inclui parcerias com a OpenAI e a Oracle na construção de megacentros de dados; negócio ainda está sujeito a revisões regulatórias

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Bloomberg — O SoftBank concordou em adquirir a unidade de robôs industriais da ABB por quase US$ 5,4 bilhões, em uma estratégia que reflete as apostas crescentes do bilionário Masayoshi Son em IA e uma onda global de construção de data centers.

A empresa de investimentos japonesa concordou em assumir o controle de uma empresa com mais de 7.000 funcionários, que fornece braços e robôs industriais para fabricantes como a BMW.

O conglomerado suíço ABB - que originalmente pretendia desmembrar a unidade - em vez disso, se concentrará em áreas mais lucrativas, como a eletrificação, que também está crescendo à medida que empresas como a OpenAI e a Meta gastam trilhões em data centers.

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A ABB havia dito em abril que planejava criar uma entidade listada separadamente para o negócio de robótica em 2026.

Esse foi um dos primeiros grandes movimentos estratégicos do CEO Morten Wierod, que assumiu o comando em agosto do ano passado.

O analista da Vontobel, Mark Diethelm, disse que a venda da unidade tem um “múltiplo altamente atraente”, acrescentando que os recursos em dinheiro provavelmente serão usados para negócios e recompra de ações.

O valor esperado de uma listagem separada teria sido inferior a US$ 4 bilhões.

As ações da ABB subiram até 3,3%, atingindo um recorde de alta no início da quarta-feira em Zurique, e subiram cerca de 20% nos últimos 12 meses.

O SoftBank caiu 2% em Tóquio, depois de ter mais do que dobrado no último ano.

A mudança ocorre no momento em que Son, CEO do SoftBank, pretende construir centros de dados nos EUA em parceria com a OpenAI e a Oracle para a iniciativa Stargate.

O SoftBank também explora a viabilidade de um centro de fabricação industrial em grande escala nos EUA, que poderia abranger linhas de produção para robôs industriais alimentados por IA, informou a Bloomberg News.

Indústria de US$ 75 bilhões

O acordo dá ao SoftBank “exposição a uma indústria de robótica de US$ 75 bilhões que está crescendo 8% ao ano, com a seção de IA do mercado expandindo cerca de 20% ao ano”, escreveu Kirk Boodry, analista da Bloomberg Intelligence, em uma nota.

“Isso revela os planos da SoftBank para a área de foco remanescente que ela identificou para seu pivô de IA e também traz conhecimentos que podem ajudá-la a descobrir valor nos outros investimentos em robótica que fez até agora.”

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A empresa japonesa estabeleceu recentemente uma nova holding, a Robo HD, combinando seus ativos de robótica e sinalizando um compromisso renovado com a área. Mais de uma dúzia de empresas do portfólio - incluindo a Berkshire Grey, a Agile Robots e a Skild AI, uma desenvolvedora de modelos de IA para robôs - foram transferidas para a nova entidade.

O interesse de Son por robôs é mais conhecido pelo Pepper, um humanoide apresentado em 2014. Mais tarde, a SoftBank interrompeu a produção depois que a demanda diminuiu. A SoftBank também investe em tecnologias voltadas para o avanço da automação industrial e da logística.

A unidade de robótica da ABB administra centros de fabricação na China, nos EUA e na Suécia, onde foi inicialmente criada. A unidade de robótica e automação discreta, da qual faz parte, sofreu com a fraqueza do setor automotivo e de eletrônicos de consumo.

A ABB espera que o acordo com a SoftBank seja fechado entre meados e o final de 2026, sujeito a revisões regulatórias.

“Não esperamos grandes obstáculos regulatórios, mas esse é um processo pelo qual temos de passar como parte do processo de desinvestimento”, disse Wierod em uma entrevista.

A ABB está focada na aceleração das fusões e aquisições, disse ele, já que seu objetivo é obter de 1% a 2% do crescimento da receita por meio de aquisições a cada ano. “Temos hoje, especialmente depois deste acordo, maior poder para fazer o que queremos fazer.”

-- Com a ajuda de Levin Stamm.

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