Sem pressa para IPO, PicPay tem aportes da família Batista para crescer mais

‘O acionista está fazendo injeções de capital e isso demonstra que está confiante no desempenho do negócio’, disse o CEO, Eduardo Chedid, em entrevista à Bloomberg News; fintech tem se tornado mais rentável com aumento da oferta de crédito

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Bloomberg — A família Batista, que controla o PicPay, deve continuar a fazer injeções de capital na empresa brasileira de tecnologia financeira enquanto aguarda o momento certo para abrir seu capital na Nasdaq.

“O acionista está atualmente fazendo injeções de capital, e não tenho muito mais a dizer, mas isso demonstra que ele está confiante no desempenho do negócio”, disse o CEO da PicPay, Eduardo Chedid, em entrevista à Bloomberg News.

A empresa deve ser capaz de financiar o crescimento por meio de seus lucros em menos de três anos, disse ele.

A família Batista, notadamente os irmãos Joesley e Wesley, que controla o PicPay por meio de sua holding, a J&F Participações, injetou R$ 545,7 milhões na fintech no primeiro semestre deste ano, de acordo com os últimos resultados da empresa, anunciados na última sexta-feira (26).

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Chedid disse que outras injeções podem acontecer até que o banco digital atinja o ponto de autofinanciamento.

O aumento de capital ocorre em um momento em que o PicPay tem se tornado mais lucrativo devido a uma oferta de crédito mais ampla - algo que, por outro lado, também aumenta a demanda por capital.

No primeiro semestre de 2025, a fintech registrou um lucro de R$ 208,4 milhões, um aumento de três vezes em relação ao ano anterior.

Sua carteira de crédito totalizou R$ 16 bilhões, também três vezes maior. O índice de inadimplência de atrasos de mais de 90 dias subiu 2,2 pontos percentuais em relação ao ano anterior, para 4,1%.

Chedid disse que as recentes ofertas públicas iniciais (IPO) de fintechs nos Estados Unidos são sinais positivos para o mercado, mas descartou que o PicPay adote o mesmo caminho no curto prazo.

“Parece que os mercados estão começando a se estabilizar positivamente, com alguns IPOs, mesmo para fintechs, mas é cedo para dizer”, disse ele.

Uma oferta futura também dependeria de uma visão mais favorável e estável em relação ao Brasil entre os investidores globais, acrescentou.

A empresa tentou abrir seu capital em 2021, buscando uma avaliação de US$ 8 bilhões, disseram na época pessoas familiarizadas com o assunto. Esses planos foram arquivados quando o mercado mudou com a alta dos juros.

Desde então, a PicPay começou a originar empréstimos usando seu próprio balanço patrimonial, o que aumentou suas necessidades de capital, mas também tornou a empresa lucrativa.

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Fundado em 2012, o PicPay inicialmente operava um negócio de carteira digital. Com o lançamento do sistema de pagamentos instantâneos Pix, do Banco Central, no final de 2020, o modelo de negócios anterior da empresa ficou desatualizado, e o PicPay iniciou uma reformulação com o objetivo de se transformar em um banco digital.

No segundo trimestre deste ano, 66% da receita do PicPay veio de fluxos de receita como crédito, em comparação com 46% no ano anterior. O retorno sobre o patrimônio líquido da empresa cresceu 2,7 pontos percentuais em relação ao ano anterior e chegou a 20,3% no segundo trimestre.

A fintech da família Batista é uma das maiores do Brasil em número de clientes, com 63,9 milhões em junho, o que a torna uma concorrente direta do Nubank (NU) e do Mercado Pago, banco digital do Mercado Livre (MELI).

Mais crescimento

No primeiro semestre, a receita aumentou 91% em relação ao ano anterior, um ritmo que é difícil de manter além do crescimento recente, disse Chedid.

O banco digital quer continuar a se expandir em linhas de crédito como a folha de pagamento para trabalhadores do setor privado, que passou por uma reformulação por parte do governo federal em março.

O PicPay desembolsou R$ 1,5 bilhão no produto, mas adotou uma abordagem mais cautelosa nos últimos meses devido a problemas técnicos.

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“Há algumas coisas sendo melhoradas, e não vemos o produto ganhando tração no segundo semestre deste ano, mas o vemos com muita força no próximo ano”, disse o executivo.

O PicPay também planeja expandir sua oferta para pequenas e médias empresas, com mais produtos de gerenciamento de caixa.

Chedid disse que esses clientes estão trabalhando atualmente com bancos tradicionais, mas há espaço para sua empresa crescer com a oferta de ferramentas mais fáceis de operar.

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