Renault nomeia CEO interino e prevê margem menor; investidor reage e ação cai até 18%

Montadora francesa será comandada pelo CFO Duncan Minto até que um nome definitivo seja escolhido pelo conselho; guidance para o fluxo de caixa livre em 2025 também foi reduzido em pelo menos 25%

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A Renault enfrenta nesta quarta-feira (16) a maior queda no valor de sua ação desde março de 2020 depois que reduziu sua projeção de lucratividade e nomeou o veterano da empresa Duncan Minto como CEO interino.

As ações chegaram a cair até 18% na Bolsa de Paris, sua maior queda desde o início da pandemia de Covid-19.

No final do dia na terça-feira (15), a Renault reduziu sua projeção para margem operacional neste ano para cerca de 6,5%, ante pelo menos 7% anteriormente.

Citando a intensificação da concorrência e quedas no mercado automotivo, a montadora também reduziu sua expectativa de fluxo de caixa livre para o intervalo entre € 1 bilhão (US$ 1,2 bilhão) e € 1,5 bilhão, ante uma projeção anterior de pelo menos € 2 bilhões.

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Minto, atualmente CFO, assumirá o cargo de Luca de Meo, que está de saída para comandar a Kering, controladora da Gucci.

A busca por um líder de longo prazo já está bem encaminhada, disse a Renault.

Os candidatos incluem o chefe da Dacia, Denis Le Vot, o diretor de compras da Renault, François Provost, e um ex-executivo da Stellantis, Maxime Picat, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.

O guidance revisado destaca os desafios que a próxima equipe de gestão da Renault enfrentará, incluindo demanda fraca na Europa, tensões comerciais crescentes e a competitividade em ascensão das montadoras chinesas lideradas pela BYD.

Sob o comando de De Meo, a Renault vinha sendo uma exceção no mercado automotivo europeu em dificuldades, com crescimento de 7% nas vendas na Europa nos primeiros cinco meses deste ano, segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis, enquanto a rival Stellantis teve uma queda de 8,4%.

As ações da Renault estavam em queda de 16% às 10h07 em Paris, a maior perda entre os membros do índice Stoxx 600 de empresas europeias. A Stellantis caía 3,8%, enquanto a Volkswagen recuava 1,8%.

Minto e seu sucessor definitivo tentarão dar continuidade a uma recuperação cada vez mais frágil iniciada sob De Meo, que renovou a linha de veículos da Renault e aumentou a lucratividade.

O CEO interino, que entrou na Renault no Reino Unido em 1997, disse em uma teleconferência que a intensificação da concorrência e um enfraquecimento do mercado de vans prejudicaram o desempenho da empresa em junho, acrescentando que medidas de redução de custos foram adotadas.

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Os cortes serão focados nas áreas administrativas, bem como na produção e na pesquisa e desenvolvimento.

A nova gestão da Renault também herdará negócios em dificuldades, incluindo a unidade de veículos elétricos e software, a Ampere, que seu antecessor não conseguiu levar ao mercado com um planejado IPO.

Além disso, terá que decidir como moldar a aliança da Renault com a parceira japonesa Nissan Motor e o posicionamento da empresa em relação à China, depois que De Meo montou uma equipe de engenharia no país e exaltou as perspectivas de uma parceria emergente com o Zhejiang Geely Holding Group.

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