Prio acerta compra de 60% do campo de Peregrino, da Equinor, por até US$ 3,5 bi

Empresa que tem Nelson Tanure como acionista de referência e que é liderada por Roberto Monteiro já tem 40% do campo, que agregará 202 milhões de barris por dia em reservas provadas

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Bloomberg — A PRIO acertou a compra de uma participação de 60% no projeto de petróleo e gás de Peregrino, na costa brasileira, por até US$ 3,5 bilhões, no momento em que a Equinor, empresa norueguesa de exploração de energia, busca simplificar suas operações internacionais.

A Prio Tigris, uma subsidiária da PRIO que comprou a participação de 40% da chinesa Sinochem no empreendimento no ano passado, assumirá as operações ao final da transação, disse a Equinor em um comunicado.

O pagamento será dividido em dois momentos, o primeiro na assinatura e o segundo perto do fechamento do negócio.

A transação envolve pagamento de US$ 3,35 bilhões pela operação em si e de até US$ 150 milhões em juros, segundo fato relevante da Equinor.

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A venda faz parte de um esforço contínuo para “elevar o nível” do portfólio internacional da Equinor por meio de alienações e aquisições de ativos, disse Philippe Mathieu, vice-presidente executivo de exploração e produção internacional da empresa norueguesa, na sexta-feira (2).

O campo que produz 110.000 barris por dia a leste do Rio de Janeiro é o maior projeto da Equinor fora da Noruega e consiste em uma plataforma flutuante de produção, armazenamento e descarregamento. Ele vai agregar 60.000 barris por dia à produção da PRIO - os demais 50.000 já estão incorporados.

A empresa continua a operar os projetos Bacalhau e Raia, nas bacias de Santos e Campos.

“O negócio, que agregará 202 milhões de barris de reservas e recursos 1P+1C à companhia conforme as estimativas de reservas referenciados em 01/01/2024, será dividido em duas partes: (i) aquisição de 40% de participação, conjuntamente com a operação do campo, e (ii) aquisição de 20% de participação”, informou a PRIO em fato relevante ao mercado na quinta (1).

A PRIO lidera atualmente a produção de petróleo entre as operadoras independentes do país, as chamadas junior oils. A empresa produziu em média 87.600 barris por dia no quarto trimestre de 2024.

Segundo levantamento da Rystad Energy, realizado a pedido da Bloomberg Línea, a PRIO deve se tornar a quarta maior produtora de petróleo do Brasil em 2025, desbancando grandes petroleiras globais, com produção estimada de 114,9 mil barris para este ano.

A PRIO tem o investidor Nelson Tanure como acionista de referência, sob o comando de Roberto Monteiro como CEO, enquanto Nelson Queiroz Tanure, filho de Tanure, é presidente do conselho de administração.

O negócio envolvendo o campo de Peregrino foi fechado depois que a empresa norueguesa tentou, sem sucesso, vender parte de sua participação em março, momento em que a PRIO, sua sócia minoritária no campo, entrou com uma ação para exercer seus direitos de preferência.

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O preço de US$ 3,5 bilhões “é atraente”, disse o analista do DNB Bank, Steffen Evjen, em uma nota aos investidores na sexta-feira.

Ainda assim, “há uma defasagem significativa entre a data efetiva e a data de fechamento”, provavelmente mais de um ano e meio, disse Evjen. “Esperamos que o pagamento final em dinheiro seja cerca de 20% menor.”

Os investidores vão esperar que os recursos sejam destinados ao pagamento de dividendos e a recompras de ações no curto prazo, disse ele.

As ações da PRIO estão em queda de cerca de 17% em 2025.

- Matéria atualizada às 14h com a informação atualizada de que Nelson Tanure não é o acionista controlador da PRIO.

- Com informações da Bloomberg Línea.

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