Empresa da área médica avança em IPO que pode se tornar o maior do mundo em 2025

Medline, fabricante de suprimentos médicos, busca levantar até US$ 5,37 bilhões em listagem nesta terça-feira (16); oferta deve ser precificada na metade superior da faixa de US$ 26 a US$ 30 por ação, segundo a Bloomberg News

Por

Bloomberg — A Medline busca levantar até US$ 5,37 bilhões em uma oferta pública inicial de ações nos Estados Unidos, preparando o terreno para uma das maiores aberturas de capital já realizadas com apoio de fundos de private equity.

A companhia, sediada em Northfield, no estado de Illinois, está ofertando 179 milhões de ações a um preço entre US$ 26 e US$ 30 cada, segundo documento protocolado na segunda-feira (15) junto à Securities and Exchange Commission (SEC).

A empresa, que tem Blackstone, Carlyle e Hellman & Friedman entre seus apoiadores, já assegurou compromissos de US$ 2,35 bilhões de chamados investidores âncora.

A fabricante e distribuidora de suprimentos médicos seria avaliada em até US$ 39,5 bilhões, de acordo com o documento.

Caso a precificação fique dentro da faixa indicativa, a Medline entregará com folga o maior IPO dos EUA neste ano, superando a oferta de US$ 1,75 bilhão da Venture Global realizada em janeiro.

No topo da faixa, a operação levantaria US$ 5,37 bilhões, tornando-se a maior do mundo em 2025, acima dos US$ 5,26 bilhões captados pela fabricante chinesa de baterias Contemporary Amperex Technology Co. Ltd. em Hong Kong.

O negócio também superaria com folga a abertura de capital de US$ 4,35 bilhões da HCA Healthcare em 2011, que teve como patrocinadores as gestoras de private equity KKR e Bain Capital.

Leia também: IPO da SpaceX pode mais que dobrar fortuna de Elon Musk para quase US$ 1 trilhão

O protocolo de IPO ocorre após um shutdown do governo dos Estados Unidos que interrompeu os planos de abertura de capital de diversos candidatos, incluindo a própria Medline, que era esperada no mercado já em novembro. A empresa protocolou o pedido público durante a paralisação do governo, encerrada em 12 de novembro.

A Medline registrou lucro líquido de US$ 977 milhões sobre uma receita de US$ 20,6 bilhões nos nove meses encerrados em 27 de setembro, ante lucro líquido de US$ 911 milhões sobre receita de US$ 18,7 bilhões no mesmo período do ano anterior, segundo o documento.

A empresa fabrica e distribui suprimentos médicos como luvas, aventais e mesas de exame usados por hospitais e médicos.

Blackstone, Carlyle e Hellman & Friedman adquiriram uma participação majoritária na Medline por meio de um negócio de US$ 34 bilhões em 2021, uma das maiores operações de leveraged buyout da história.

A companhia havia protocolado confidencialmente o pedido de IPO junto à SEC em dezembro do ano passado, mas a incerteza em torno de tarifas adiou os planos de abertura de capital no primeiro semestre deste ano.

A extensa lista de investidores âncora inclui Baillie Gifford, Capital Group, Counterpoint Global, da Morgan Stanley, Durable Capital Partners, o fundo soberano de Cingapura GIC, Janus Henderson Investors, Viking Global Investors e WCM Investment Management.

As ofertas iniciais de ações nos Estados Unidos arrecadaram US$ 38,7 bilhões neste ano, excluindo empresas de cheque em branco, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Mesmo com a Medline, o total deve permanecer pouco abaixo da média anual de quase US$ 50 bilhões registrada na década anterior à pandemia de covid-19. Wall Street espera que gestoras de private equity impulsionem o volume de listagens no próximo ano ao levar ao mercado uma parcela maior de suas empresas investidas.

A Medline foi fundada pelos irmãos Jon e Jim Mills em 1966. A família Mills, que permaneceu como a maior acionista individual da empresa após o buyout, terá 17,8% do poder de voto depois do IPO. Blackstone, Carlyle e Hellman & Friedman deterão, cada uma, 18% dos direitos de voto após a operação.

Membros da família Mills e entidades a ela vinculadas indicaram interesse em adquirir até US$ 250 milhões em ações na oferta, segundo o documento.

Desde a aquisição por private equity, a empresa passou por uma transição de liderança sob o comando de Jim Boyle, executivo com 28 anos de casa e primeiro diretor-presidente da Medline que não pertence à família Mills.

A companhia adquiriu o negócio de soluções cirúrgicas da Ecolab em 2024 por cerca de US$ 905 milhões e investiu US$ 1,6 bilhão em despesas de capital em sua rede de distribuição nos últimos cinco anos, de acordo com o documento.

A Medline tem mais de 43 mil funcionários em todo o mundo, segundo o registro.

A operação deve ser precificada em 16 de dezembro, após o fechamento dos mercados em Nova York, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News. Um representante da Medline não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Goldman Sachs Group, Morgan Stanley, Bank of America Corp. e JPMorgan Chase atuam como coordenadores da oferta, ao lado de 21 bancos como joint bookrunners e 21 co-managers. A Medline espera começar a ser negociada no Nasdaq Global Select Market sob o código MDLN.

-- Com a colaboração de Bailey Lipschultz. Reportagem atualizada às 18h44 para incluir informações adicionais.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Além da maquininha: SumUp avança em serviços bancários enquanto prepara IPO

‘De repente, bilionário’: CEO da Klarna colhe frutos de IPO de sucesso em NY