Marcelo Pimentel renuncia ao cargo de CEO do GPA; CFO assume interinamente

Executivo esteve à frente do grupo supermercadista por três anos; saída ocorre após trocas no conselho depois de a família Coelho Diniz elevar participação na companhia

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Bloomberg Línea — O Grupo Pão de Açúcar (GPA) informou nesta quarta-feira (22) que Marcelo Pimentel renunciou aos cargos de CEO e membro do conselho de administração.

Rafael Russowsky, vice-presidente de Finanças e diretor de Relações com Investidores, foi eleito como diretor-presidente interino, acumulando as funções financeiras que já exercia na companhia.

A saída de Pimentel ocorre após três anos à frente do GPA, período marcado por reestruturação operacional e financeira da rede de supermercados. O executivo assumiu o comando da empresa em março de 2022, substituindo Jorge Faiçal Filho, com a missão de reverter prejuízos e reduzir o endividamento do grupo.

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A renúncia de Pimentel ocorre duas semanas após a primeira reunião do novo conselho de administração, que elegeu André Coelho Diniz como chairman.

Durante aquela reunião, Pimentel manifestou desconforto com a eleição de Edison Ticle como vice-presidente do conselho, chegando a ameaçar renunciar, mas recuou na ocasião.

A família Coelho Diniz detém 24,6% das ações do GPA. Em agosto, o grupo também registrou a saída de Fréderic Garcia do cargo de diretor de Negócios, após 11 anos na companhia, e a renúncia de dois membros do conselho fiscal.

Alavancagem e estrutura de capital

A alavancagem financeira permanecia como desafio central para o GPA no primeiro semestre.

O CFO Rafael Russowsky havia projetado solução para a alavancagem da empresa até o fim de 2025, com foco na redução da dívida líquida por meio da venda de ativos e melhora na geração de caixa operacional.

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A companhia trabalhou com cenários de juros de 15% ao ano para 2025, ajustando projeções iniciais que consideravam taxa de 10%.

A redução da dívida em aproximadamente metade comparada a 2022 foi citada pela gestão como fator de alívio diante do ambiente de juros elevados.

O GPA manteve trajetória de prejuízos no primeiro semestre de 2025, mas com redução significativa das perdas em relação ao ano anterior. No segundo trimestre, o grupo registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 216 milhões, valor inferior aos R$ 332 milhões do mesmo período de 2024.

O desempenho operacional apresentou melhora consistente. O Ebitda ajustado do segundo trimestre alcançou R$ 420 milhões, aumento de 6,1% em relação ao ano anterior, com margem de 9%.

As vendas em mesmas lojas, excluindo impactos sazonais do calendário, cresceram 5,1% no período.

A bandeira Pão de Açúcar, responsável por metade das vendas do grupo, registrou crescimento de 6,5% em vendas em mesmas lojas no segundo trimestre.

O formato de proximidade, representado pelas lojas Minuto Pão de Açúcar, manteve desempenho superior à média da companhia.

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