Fim do efeito Ozempic? Novo Nordisk corta guidance pela quarta vez no ano

Lucros e vendas abaixo do esperado da farmacêutica expõem pressão da Eli Lilly e perda de fôlego no mercado de medicamentos para obesidade

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Bloomberg — A Novo Nordisk reduziu seu guidance pela quarta vez este ano, devido à queda nas vendas de seus medicamentos Wegovy e Ozempic..

A perspectiva da empresa é de que a receita aumentará apenas 11% este ano, enquanto o lucro operacional se expandirá em 7%, no máximo, com base em taxas de câmbio constantes, informou a farmacêutica dinamarquesa na quarta-feira.

A redução ocorre no momento em que a empresa divulgou lucros decepcionantes para o terceiro trimestre.

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As ações caíram no início do pregão, antes de reverterem o curso.

A Novo luta para competir com a Eli Lilly no crescente mercado de medicamentos para obesidade. O novo CEO, Mike Doustdar, demitiu 11% da força de trabalho e lançou uma nova oferta de US$ 10 bilhões para comprar a startup de obesidade Metsera da Pfizer.

Mesmo antes da queda de até 4,8% na quarta-feira, as ações da Novo haviam perdido metade de seu valor este ano devido a preocupações com sua competitividade. Elas subiram até 2% após a queda inicial.

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A Lilly ganhou terreno, com a trajetória de vendas em grandes mercados estrangeiros começando a espelhar a dos EUA, de acordo com o Morgan Stanley.

A fabricante de medicamentos dos EUA aumentou seu guidance e superou as expectativas de vendas em seus próprios resultados do terceiro trimestre na semana passada.

Os resultados da Novo oferecem “um forte contraste com o desempenho da oferta rival da Lilly”, escreveram Michael Shah e Christos Nikoletopoulos, analistas da Bloomberg Intelligence, em uma nota.

Embora a Novo tenha sido pioneira no mercado de medicamentos contra a obesidade com o Ozempic e o Wegovy, sua sorte começou a mudar no ano passado, quando uma injeção experimental ainda mais forte não atingiu a perda de peso que a empresa havia prometido em um teste clínico.

A farmacêutica dinamarquesa está agora depositando algumas de suas esperanças de crescimento em uma versão em pílula do Wegovy.

Doustdar disse em uma teleconferência que não teria aceitado o cargo de CEO se não se sentisse confiante na capacidade da Novo de ser líder em obesidade. É uma maratona, não uma corrida de velocidade, disse ele.

Metsera disse que tanto a Novo quanto a Pfizer aumentaram suas ofertas na terça-feira. A nova oferta da Novo avalia a empresa de três anos de idade, sem medicamentos no mercado, em até US$ 10 bilhões, desalojando o acordo anterior da Pfizer para comprar a startup.

O conselho da Metsera considerou a oferta da Novo o melhor negócio. A Pfizer apresentou sua própria oferta, melhorada, de US$ 8,1 bilhões, enquanto continua a lutar contra a Novo no tribunal.

As novas previsões de lucro e vendas se comparam às estimativas anteriores de um aumento de receita de até 14% e um ganho de lucro de até 10%. No início do ano, o topo das faixas estava em 24% e 27%, respectivamente.

O lucro no último trimestre caiu para 23,7 bilhões de coroas (US$ 3,6 bilhões), ficando abaixo das estimativas dos analistas. As vendas também foram menores do que o previsto e o crescimento foi o mais lento desde o primeiro trimestre de 2021, antes do lançamento do Wegovy nos EUA, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O ingrediente ativo do Wegovy e de seu medicamento irmão, o Ozempic, imita um hormônio intestinal chamado GLP-1 que o corpo produz imediatamente após comer.

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“Há uma mensagem clara de que o aumento da concorrência e a expansão mais lenta do mercado estão prejudicando o crescimento em todas as regiões para todos os produtos GLP-1”, escreveu o analista da Intron Health, Naresh Chouhan, em uma nota, chamando os resultados da Novo de “muito fracos”.

-- Com a ajuda de Sanne Wass, Lisa Pham e Jonas Ekblom.

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