Fiat quer conquistar o cliente de carro por assinatura. ‘Seremos agressivos’, diz VP

Marca italiana passará a vender a modalidade em 95% da rede de concessionárias no Brasil, com seis modelos e preços a partir de R$ 1.866 que incluem de IPVA e seguro a revisões, disse o VP comercial, André Montalvão, em entrevista à Bloomberg Línea

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Bloomberg Línea — O mercado de carro por assinatura vem crescendo no Brasil diante de um público cada vez maior que entende as vantagens do modelo. De olho nessa demanda, a Fiat reestruturou o negócio dentro da marca com o objetivo de conquistar uma fatia importante de clientes do segmento.

Atualmente, os principais players desse mercado são a Localiza (RENT3), a Movida (MOVI3) e a Unidas, as maiores locadoras de veículos do país.

“Pesquisamos muito esse mercado para fazer igual ou melhor do que nossas concorrentes, não só as montadoras mas o que chamamos de ‘big 3’. Estamos preparados e entramos para fazer acontecer”, afirmou o vice-presidente comercial da Fiat e da Abarth para o Brasil, André Montalvão, em entrevista à Bloomberg Línea.

O programa Fiat por Assinatura substitui o Flua, oferecido anteriormente pelo grupo Stellantis, do qual a montadora italiana faz parte.

Montalvão disse que não eram todos os pontos de venda que estavam disponíveis para atender à demanda de carros por assinatura.

“Tínhamos a modalidade de locação por meio da Flua, mas começamos a ver um mercado muito maior. Portanto resolvemos fazer uma mudança e agora envolvemos toda a rede de concessionárias”, contou.

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Segundo o executivo, 95% da rede da marca já está habilitada para vender o modelo de carro por assinatura. “Queremos participar desse mercado de uma maneira mais forte”, destacou.

Nesse sentido, ele afirmou que a Fiat tem uma estratégia assertiva para o segmento. “As condições comerciais que traçamos são agressivas para poder brigar por esse mercado. Estamos com preços competitivos e excelente atendimento, portanto vamos conseguir entrar com mais força junto com os grandes players.

Conforme levantamento da Bright Consultoria Automotiva, em 2023, cerca de 103 mil novos contratos de carro por assinatura foram registrados no Brasil. Esse volume saltou para 141 mil no ano seguinte. Para 2025, a projeção da consultoria é que 150 mil novos contratos sejam celebrados no segmento.

De acordo com estimativas de fontes do mercado ouvidas pela Bloomberg Línea, pelo menos 60% dos contratos de carro por assinatura pertencem às locadoras, sendo o restante das montadoras, que apresentam dificuldades para impulsionar o negócio.

O CEO da Localiza, Bruno Lasansky, afirmou em entrevista à Bloomberg Línea no final de julho que a companhia havia atingido a marca de 60 mil clientes no negócio de carro por assinatura. “É uma prova contundente da capacidade da Localiza de inovar em mobilidade”, disse o executivo na ocasião.

Montalvão observou que a rede da Fiat já vende para clientes de varejo, CNPJs, consórcios e PCD (veículos adquiridos por pessoas com deficiência com isenções de impostos). Só faltava de forma abrangente, portanto, o carro por assinatura.

“Não eram todos os núcleos que participavam do Flua. Agora teremos 520 pontos de venda no Brasil, com objetivos maiores nessa modalidade.”

O novo programa vai oferecer seis modelos para assinatura: o subcompacto Mobi (Like); o hatch Argo (Drive); as picapes Strada (Endurance e Freedom cabine dupla) e Toro (Freedom); e os SUVs híbridos Pulse e Fastback.

Segundo a marca, a contratação pode ser feita por meio de planos com 12, 24 ou 36 meses, com franquias de quilometragem de 1.000, 1.500 ou 2.000 quilômetros por mês. Se o consumo de quilometragem for ultrapassado, o cliente paga por adicional rodado.

O valor mensal da locação varia entre R$ 1.866 a R$ 3.299, a depender do modelo e da franquia escolhida. No plano, já estão incluídos os custos de IPVA, licenciamento, seguro, documentação, revisões preventivas na rede de concessionárias, assistência 24 horas e carro reserva.

“Começamos a rodar o programa com 410 carros emplacados para pronta entrega, com central de atendimento exclusivo e toda equipe Fiat preparada para essa nova fase”, disse Montalvão.

Na concessionária, o cliente terá mais uma alternativa para obter um carro zero km, segundo ele. “A ideia é que o vendedor, com o CPF do cliente nas mãos, consiga oferecer condições de financiamento para compra ou assinatura.”

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Perfil e cultura

Montalvão afirmou que toda a rede está preparada para alertar o cliente sobre as limitações do serviço, como a de quilometragem. “O uso do carro por assinatura é mais urbano, apesar da quilometragem elevada prevista nos pacotes”, disse.

A oferta da modalidade cresceu com força principalmente após a pandemia, com as principais montadoras do mercado brasileiro apostando na tendência.

No entanto, segundo uma fonte ligada ao setor, que falou sob condição de anonimato, o serviço não “decolou” entre as montadoras.

Para Montalvão, diferentemente de outros países do mundo, no Brasil historicamente predominou a cultura da posse em vez do uso do carro.

“O brasileiro quer ter o bem no nome dele”, disse o executivo. “Mas quando ele começa a fazer conta do seguro, da manutenção, entre outros, a modalidade começa a fazer sentido. Por isso cresce e atinge números interessantes. Nós queremos participar desse mercado”, acrescentou.

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