Ferrari dribla tarifas e amplia lucro, mas ações recuam com receita aquém do esperado

Demanda por supercarros e modelos personalizados sustentou margem da montadora italiana no segundo trimestre; ações recuaram quase 5% nesta quinta-feira (31)

Ferrrari vermelha com detalhes em preto
Por Daniele Lepido
31 de Julho, 2025 | 09:29 AM

Os lucros da Ferrari aumentaram no segundo trimestre, uma vez que a demanda pelos modelos SF90 XX e 12Cilindri e pelos supercarros personalizados ajudou a compensar as despesas adicionais com tarifas.

A receita aumentou 4%, 1,79 bilhão de euros (US$ 2 bilhões) no período em relação ao ano anterior, em meio a embarques estáveis, enquanto o lucro operacional aumentou 6%, para 709 milhões de euros, informou a fabricante nesta quinta-feira.

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A Ferrari disse que está mais confiante em sua orientação para o ano inteiro depois que o recente acordo comercial entre os EUA e a União Europeia reduziu as taxas.

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As ações caíram até 4,8% em Milão, já que a receita ficou ligeiramente abaixo do esperado. As ações subiram 1,5% este ano.

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A Ferrari evitou, em grande parte, o destino de rivais como a Porsche, que cortou a orientação esta semana em resposta à guerra comercial do presidente Donald Trump.

Os investidores estão apostando na capacidade da empresa italiana de repassar quaisquer custos adicionais aos clientes ricos devido ao fascínio da marca histórica. A Ferrari disse que está esperando uma redução dos “custos industriais” no segundo semestre.

No domingo, os EUA e a União Europeia concordaram em reduzir para 15% a tarifa sobre os veículos importados do bloco. Isso seria muito menor do que a taxa anterior de 27,5%, mas muito maior do que a taxa de 2,5% em vigor antes das novas políticas comerciais de Trump.

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A Ferrari fabrica todos os seus veículos na Itália, o que significa que não pode compensar os custos mais altos transferindo a produção para os EUA, seu maior mercado, que responde por cerca de um quarto de suas entregas.

No entanto, a empresa ainda tem uma grande carteira de pedidos e poucos cancelamentos, o que ressalta sua capacidade de praticar preços mais altos do que a concorrência.

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Para manter suas margens de lucro bruto próximas a 40%, o CEO Benedetto Vigna terá que provar que pode repassar a maior parte desse custo aos clientes dos EUA sem diluir a lista de espera de até dois anos. Em março, a empresa disse que planejava aumentar os preços de alguns modelos nos EUA em até 10% para lidar com os impostos.

A Lamborghini, rival da Ferrari e de propriedade da Audi, divulgou na quarta-feira um recorde de entregas no primeiro semestre, impulsionado pela forte demanda por modelos híbridos plug-in, embora o lucro tenha caído 6% no período.

O desempenho sugere que os supercarros eletrificados continuam resistentes, mesmo com o esfriamento do mercado de luxo mais amplo. A Ferrari apresentará seu primeiro veículo totalmente elétrico em outubro.

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