Bloomberg Línea — A Eve Air Mobility (EVEX), subsidiária da Embraer (EMBR3), anunciou nesta quinta-feira (14) que levantou US$ 230 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) para acelerar o desenvolvimento de seus táxis aéreos elétricos.
A empresa brasileira vendeu ações para investidores como o BNDESPar (US$ 74,9 milhões, R$ 405,3 milhões) e a Embraer (US$ 20 milhões, R$ 108,2 milhões), além de outros fundos, com a operação prevista para ser concluída nesta sexta-feira (15).
O Banco Bradesco BBI atuou como assessor financeiro do negócio.
A Eve desenvolve aeronaves que decolam e pousam na vertical, como helicópteros, mas movidas por motores elétricos em vez de combustível. Esses “carros voadores” prometem transportar passageiros rapidamente pelas cidades, e contornando o trânsito nas ruas.
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A empresa já recebeu quase 3.000 encomendas. A estreia comercial está prevista para 2027, após conquistar a certificação, e a produção do modelo ocorrerá na fábrica de Taubaté, no interior de São Paulo.
Ancoragem do BNDES
O BNDESPar, empresa de participações societárias do banco de desenvolvimento do governo federal, participou da operação ao comprar papéis que serão, no futuro, negociados na B3.
O investimento do BNDESPar foi feito via BDR. Em nota, o BNDES informou que se trata de sua “segunda operação de investimento em renda variável, alinhada com a estratégia de apoio à economia verde e à inovação".
“A listagem dupla da Eve nos Estados Unidos e no Brasil está alinhada à nossa estratégia de diversificação da base acionária, para ampliar o acesso a investidores de diferentes mercados”, disse, em nota, o CFO da empresa, Eduardo Couto.
Esse movimento permitirá que investidores brasileiros comprem e vendam essas ações, além da negociação que já acontece na bolsa americana.
A Eve obteve a aprovação do programa de BDR Nível I junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), segundo nota divulgada à imprensa.
A Embraer, terceira maior fabricante de aviões do mundo, continua como uma das investidoras da Eve. A empresa de São José dos Campos é uma das principais acionistas e fornece conhecimento técnico para o desenvolvimento das aeronaves elétricas.
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Com os recursos captados, a Eve pretende pagar fornecedores brasileiros e acelerar seus projetos. Parte dos recursos também será usado para cobrir custos operacionais e quitar algumas dívidas da empresa.
O CEO da Eve, Johann Bordais, disse em nota que a captação é um passo importante para transformar a mobilidade urbana.
As aeronaves da Eve ainda estão em desenvolvimento e precisam de aprovação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para voar comercialmente. A regulamentação para esse tipo de transporte ainda está sendo criada no Brasil.
O mercado de táxis aéreos desperta interesse mundial diante da promessa de reduzir drasticamente o tempo de deslocamento nas metrópoles. Em São Paulo, por exemplo, um trajeto de uma hora no trânsito poderia ser feito em poucos minutos pelo ar.
Diversas empresas ao redor do mundo correm para lançar os primeiros serviços comerciais dos táxis voadores. A competição inclui desde startups até gigantes da aviação, todas em busca de uma fatia desse mercado ainda emergente.
Competição global
A captação coloca a Eve em posição mais confortável para competir globalmente. A empresa agora tem recursos para finalizar o desenvolvimento de sua aeronave e se preparar para começar operações comerciais a depender da regulamentação.
Especialistas estimam que o mercado de mobilidade aérea urbana pode movimentar centenas de bilhões de dólares nas próximas décadas. Para o Brasil, isso representa uma oportunidade de estar na vanguarda de uma nova forma de transporte.
Com o apoio financeiro, a Eve se aproxima do objetivo de colocar seus táxis aéreos em operação. A empresa brasileira compete para estar entre as primeiras a oferecer esse tipo de serviço, que pode mudar a forma como as pessoas se locomovem nas cidades.
A startup ainda não apresentou o protótipo do seu eVTOL. Em eventos como feiras de aviação, desde 2023, a Eve exibe apenas mockup (versão de demonstração) da cabine, que comporta cinco assentos, sendo um deles do piloto (single pilot).
O anúncio da Eve ocorre em um momento em que o mercado brasileiro de aviação executiva começa a definir suas apostas para modelos elétricos.
No início do mês, a Líder Aviação, maior empresa de táxi aéreo do país, anunciou um acordo para representar e adquirir aeronaves elétricas da americana Beta Technologies, e disseram que seu projeto está mais avançado que o da Eve.