Dasa retoma foco em diagnósticos e avança em agenda de crescimento, diz novo CEO

Em entrevista à Bloomberg Línea, Rafael Lucchesi, que assumiu em julho, destaca expansão de 6% na receita no segundo trimestre em diagnósticos e diz que aumento da margem bruta reflete ganhos operacionais que continuam a ser capturados

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Bloomberg Línea — A Dasa iniciou uma nova fase com o closing do acordo da joint venture em hospitais com a Amil, que resultou na formação da Rede Américas. Um dos maiores grupos de saúde do país voltou a ter a medicina diagnóstica como prioridade, sob a liderança de um novo CEO, Rafael Lucchesi.

E os números do segundo trimestre, divulgados na noite de quinta-feira (14), sob impacto da saída no resultado dos hospitais envolvidos no acordo, mostraram que a “nova Dasa”avança com uma agenda de digitalização e ganhos de produtividade na operação, ao mesmo tempo em que colhe frutos da redução da alavancagem.

Em métricas comparáveis, as receitas brutas da área de diagnóstico cresceram 6% na base anual, para R$ 2,138 bilhões, enquanto o Ebitda consolidado avançou 10%, para R$ 738 milhões. O Ebitda comparável cresceu 8% na base anual.

A margem bruta aumentou 0,9 ponto percentual, para 29,7%.

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“Esse é um ponto que demanda muito empenho, com um trabalho de longo prazo, que inclui digitalização de processos e da jornada do paciente, agendamento digital, check-in digital nas unidades e treinamento dos times para ganhar produtividade”, disse Lucchesi em entrevista à Bloomberg Línea.

“É um crescimento de receitas com aumento de margem bruta na frente de diagnósticos que é muito relevante na nossa visão”, afirmou.

O executivo, que tem cerca de 12 anos de Dasa e liderava a unidade de medicina diagnóstica, assumiu o cargo de CEO do grupo controlado pela família Bueno em 1º de julho, em substituição a Lício Cintra, que ficou no comando dedicado da Rede Américas.

O início de operação do novo grupo de hospitais, que nasceu como um dos maiores do país, demandou a formação de um novo time executivo de liderança, o que abriu posições ao longo dos últimos meses na Dasa.

Entre os que chegaram estão Rafael Bossolani, vice-presidente de Finanças e de RI, e Fábio Sampaio de Lacerda, vice-presidente de Gente, Gestão e Pessoas, entre outros.

Segundo Lucchesi, o crescimento das receitas em diagnósticos poderia ter sido até maior que os 6% não fosse o fechamento de unidades com baixo desempenho - em 12 meses, o total da rede passou de 870 para 846 -, em decisão que reflete justamente a citada busca de crescimento com rentabilidade.

E há “várias iniciativas que vemos como promissoras para o crescimento de receita”, que vão contribuir para o resultado ao longo dos próximos trimestres.

“Temos muitos lançamentos de novos produtos, em vacinas, genômica, análises clínicas e até em imagens, novos serviços que crescem, como o domiciliar. Há a frente de infusão, que lançamos no início do ano e estamos expandindo, com high growth em uma base pequena e com boa perspectiva”, disse o CEO.

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O executivo citou ainda o crescimento de parcerias com operadoras de saúde e no atendimento a clientes particulares, sem plano de saúde, além de novos formatos de clínicas em fase piloto e o avanço no B2B, com a integração de núcleos técnicos à cadeia produtiva de sua rede de apoio a laboratórios.

“Com a volta do foco em diagnósticos, devemos ter possibilidades de aceleração de algumas iniciativas”, disse Lucchesi, que explicou que elas se encontram em diferentes estágios, das que são ainda “sementes recém-plantadas” a outras que já crescem organicamente.

“No fim, são crescimentos diferentes que vamos ‘empilhando’.”

Queda das despesas financeiras

As despesas recuaram 7,4% no segundo trimestre na base anual desconsiderado o impacto da “desconsolidação” da operação dos hospitais da Ímpar na formação da joint venture com a Amil.

A queda foi atribuída essencialmente a ganhos de produtividade, com foco na “revisão de processos, otimização da estrutura organizacional e renegociação de contratos de fornecedores”, de acordo com a companhia.

“Enxergamos que ainda existe um bom espaço para ganho de performance operacional”, disse Lucchesi em referência ao que ainda pode ser capturado em cima de uma agenda já em execução desde o começo de 2024.

Houve também redução de 30,6% nas despesas financeiras, para R$ 313 milhões, decorrentes em particular da diminuição da dívida líquida (após aquisições a pagar e antecipação de recebíveis) em cerca de R$ 3,2 bilhões, para R$ 7,342 bilhões, com a transferência da operação de hospitais para a Rede América.

Como consequência já esperada, a alavancagem medida pela dívida líquida/Ebitda passou de 4,17x no primeiro trimestre para 2,82x no segundo.

“Sabemos dos desafios financeiros, mas estamos entusiasmados com o que vem pela frente, com um time competente e sempre olhando o longo prazo”, disse o CEO da Dasa sobre as perspectivas para o seu mandato.

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