Com prédio como ‘escultura’, Benx vê potencial para apartamento de até R$ 180 mi

Incorporadora aposta em fortalecimento da marca no mercado de luxo com empreendimento que descreve como icônico na região da Faria Lima, que pode se tornar o mais caro de São Paulo, conta o CEO Luciano Amaral à Bloomberg Línea

Por

Bloomberg Línea — A incorporadora Benx, do Grupo Bueno Netto, tem se preparado há cinco anos para lançar um empreendimento no coração do Itaim Bibi, bairro que concentra os terrenos mais disputados do entorno da avenida Faria Lima.

Entre compras e leilões, a incorporadora conseguiu uma quadra inteira em um terreno de 3.000 metros quadrados em formato pouco convencional. O empreendimento será construído em um terreno de formato triangular, perto do cruzamento entre as avenidas Faria Lima e Cidade Jardim.

A localização já seria um atrativo, dada a escassez de terrenos na região. A Benx, no entanto, queria um elemento extra de valorização que transformasse o empreendimento em algo que o CEO da Benx, Luciano Amaral, define como “emblemático”.

Leia também: Even completa tríade do luxo com residencial em frente à ‘praia’ de ultrarricos em SP

A resposta veio com um projeto de arquitetura considerado ousado pela empresa. A Benx pretende criar o que chama de uma escultura vertical, com uma fachada orgânica em curva, que lembra uma letra “J”.

“A primeira reação quando mostramos o projeto é de espanto. Não existe nada parecido no país”, afirmou Amaral em entrevista à Bloomberg Línea.

O bloco mais verticalizado é onde estarão localizados os 22 apartamentos, com metragens que variam entre 572 e 780 metros quadrados, além de dois gardens de 1.800 metros quadrados e uma cobertura duplex de 1.200 metros quadrados. As curvas do projeto arquitetônico fazem com que nenhuma planta seja idêntica em tamanho.

Já o segmento horizontal é voltado para área de lazer do condomínio, que inclui spa, academia com 200 metros quadrados, piscina, duas saunas e uma quadra de beach tennis coberta.

É também o espaço reservado para escritórios dos proprietários.

Cada cliente terá acesso a uma sala extra de 30 metros quadrados, com entrada independente. Escritório, consultório, adega, ateliê e brinquedoteca estão entre as possibilidades de uso para o espaço.

Batizado de 280 Art Boulevard, o condomínio irá contar ainda com o que Amaral apontou como diferenciais de luxo. Entre eles, serviço de gerência de recepção e serviços, elevador de delivery para recebimento de entregas na porta do apartamento e seis vagas de garagem ao estilo box, mais privativas, que permitem que o proprietário tenha carros de coleção, por exemplo.

“É um projeto que engrandece qualquer empresa. Para Benx, ele traz diferencial de posicionamento no mercado de altíssimo padrão”, disse o CEO.

A estratégia da incorporadora é realizar as vendas gradualmente para aproveitar a valorização do empreendimento quando a fachada já estiver tomando forma. O preço atual do metro quadrado está em R$ 70.000.

Quando estiver pronto, a expectativa da empresa é que o edifício alcance os R$ 100.000/m² e seja o mais caro da cidade de São Paulo, figurando entre os lançamentos com maior preço do país.

Se alcançar o valor, os apartamentos menores do empreendimento poderiam sair por R$ 57,2 milhões - e chegar a R$ 180 milhões para as maiores unidades.

“A dinâmica de São Paulo acolhe bem esse tipo de produto e de desafio porque o cliente acredita nesses diferenciais e percebe a iconicidade.”

Leia também: Torre com 500 m de altura quer testar nova vocação do turismo na ‘Dubai brasileira’

Essa não é a primeira obra da Benx que foge do padrão tradicional.

O Parque Global, megaempreendimento localizado na margem da Marginal Pinheiros em parceria com o Related Group de Jorge Pérez, levou 21 anos para sair do papel.

Lançado entre o final de 2020 e início de 2021, o projeto tem 218.000 metros quadrados de área e irá funcionar como uma espécie de bairro privativo que inclui torres de alto padrão, shopping center, hospital, hotel e faculdade – a futura estação Panamby da linha 17-Ouro do metrô deve passar pelo meio.

O período de lançamento do Parque Global coincide com a estratégia da Benx em concentrar o portfólio em duas frentes: de um lado, o alto e altíssimo padrão, e, do outro, empreendimentos voltados para o Minha Casa Minha Vida (MCMV) com a marca Viva Benx.

Os segmentos de renda mais altos concentram 40% dos lançamentos e 80% do valor geral de vendas (VGV). O empreendimento no Itaim, por exemplo, tem VGV projetado acima de R$ 1 bilhão. “É um projeto que está elevando nosso faturamento em, pelo menos, 20% ao ano”, afirmou.

O projeto arquitetônico do 280 Art Boulevard é assinado pelos escritórios Gensler e Zien. O nome busca remeter à proximidade com espaços culturais, como o Solar Fábio Prado (antigo Museu da Casa Brasileira), o Museu da Imagem e do Som (MIS) e a Casa Museu Ema Klabin.

O empreendimento terá curadoria de arte do francês Marco Pottier, que atuou no hotel Rosewood e no Cidade Matarazzo. Além de uma galeria própria para os proprietários e seus convidados, uma obra de arte eleita em concurso será exposta ao público no jardim que irá rodear o prédio.

“O cliente de altíssimo padrão é cada vez mais exigente. Conceitos como bem-estar e arte vieram para ficar dentro desses empreendimentos”, disse Amaral.

Leia também

Grupo de Goiás quer liderar multipropriedade no país e lançar R$ 1 bi em VGV por ano

Como a Rebouças tem se tornado uma alternativa à Faria Lima para escritórios em SP