Bloomberg — A trading estatal de minério de ferro da China agora vende cargas da mineradora brasileira Vale, em um sinal de certa flexibilização em relação ao grupo, à medida que se consolida no mercado de importação de US$ 130 bilhões do país asiático.
A China Mineral Resources Group (CMRG) atualmente oferece minério de ferro da Vale no mercado à vista, e tem vendido o produto da mineradora desde pelo menos meados de agosto, de acordo com documentos vistos pela Bloomberg News e pessoas com conhecimento do assunto. É a primeira vez que a CMRG vende cargas da Vale, acrescentaram.
A trading gigante foi criada três anos atrás em um esforço para deslocar o equilíbrio de poder dos principais produtores de minério de ferro, como a Rio Tinto e a BHP, para a vasta indústria siderúrgica da China.
A Vale havia evitado a CMRG anteriormente, já que a mineradora brasileira buscava se concentrar em contratos de longo prazo diretamente com as siderúrgicas do país, informou a Bloomberg em junho.
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No entanto, a forte produção da Vale contribuiu para um mercado já bem abastecido, e a CMRG atua principalmente com cargas australianas, a trading chinesa agora passou a lidar com a oferta brasileira, disseram fontes familiarizadas com o assunto que pediram anonimato porque os acordos são privados à Bloomberg News.
Um porta-voz da Vale não quis comentar. A CMRG também não comentou imediatamente sobre o assunto.
A medida destaca como a dinâmica de mercado em constante mudança está remodelando as estratégias comerciais de ambos os lados.
Para a Vale, movimentar cargas por meio da CMRG oferece alguma flexibilidade à maior produtora de aço do mundo, ao mesmo tempo que ajuda a empresa no gerenciamento da grande produção.
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Para Pequim, o acordo fortalece seu papel como formador de preços e estabilizador em um comércio que há muito tempo é ditado por mineradoras globais.
O minério de ferro pode ser comercializado no mercado à vista para cargas individuais e pagas antecipadamente, ou por meio de contratos de longo prazo vinculados a preços de referência diários.
A CMRG tem conversado com as principais mineradoras para fornecimento de longo prazo a partir do segundo semestre, mas pouco progresso foi feito até o momento, afirmaram as fontes.
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Contratos de longo prazo frequentemente deixam as siderúrgicas com volumes descompassados em relação à produção real, o que cria a necessidade de escoar qualquer excedente ou comprar cargas adicionais para cobrir a escassez.
A CMRG também não revende minério de ferro com ágio, o que significa que as usinas consideram a estatal um fornecedor relativamente justo.
Para as mineradoras, contratos de longo prazo oferecem estabilidade de preços e maior facilidade no planejamento operacional.
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