Casas Bahia: Mapa Capital se torna controladora após conversão de dívida em ações

Transação envolveu a conversão de debêntures em cerca de R$ 1,5 bi em ações da companhia; subsidiária da gestora Mapa Capital passou a deter uma participação societária de 85,5% da varejista fundada pela família Klein

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Bloomberg Línea — O Grupo Casas Bahia tem um novo controlador: a gestora Mapa Capital, que converteu debêntures em ações da varejista, segundo fato relevante divulgado nesta quinta-feira (7). Com a operação, que dilui participação de minoritários, a companhia reduz seu nível de endividamento.

A Mapa Capital é liderada por André Helmeister, Fernando Beda e Paulo Silvestri. Os dois primeiros trabalharam no Itaú BBA. O terceiro foi CEO da Daimler North America e ex-diretor da Rio Bravo Investimentos.

Eles adquiriram as debêntures de dois bancos credores da varejista, o Banco do Brasil (BBAS3) e o Bradesco (BBDC4).

A opção de converter debêntures em equity já estava prevista no plano de recuperação extrajudicial da varejista divulgado em abril de 2024, quando a companhia estava pressionada por vencimentos em meio a incertezas sobre o processo de turnaround conduzido pelo CEO Renato Franklin.

No fato relevante, a companhia informou ter recebido comunicado da Domus VII Participações, subsidiária integral da Mapa Capital, sobre a operação de conversão de debêntures.

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A transação envolveu a conversão de 1,406 bilhão de debêntures da segunda série conversíveis em ações ordinárias da companhia, provenientes da 10ª emissão de debêntures simples com garantia real.

Com essa conversão, a Domus VII Participações passou a deter uma participação societária de 85,5% no Grupo Casas Bahia, convertendo R$ 1,5 bilhão em ações, de modo que 558.791.401 novas ações foram emitidas a um preço médio de R$ 2,95 por ação, observou a equipe da XP em nota.

A operação representa um movimento significativo na estrutura acionária da varejista e pode indicar uma estratégia de reorganização societária ou capitalização por meio da transformação de dívida em participação acionária.

“Do lado operacional, o movimento deve contribuir para a desalavancagem da companhia, uma vez que a conversão deve reduzir a alavancagem da companhia em 0,7x Ebitda para 2,2x dívida líquida/Ebitda”, escreveu a equipe liderada por Danniela Eiger, head de varejo na equipe de equity research da XP, em nota.

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Na prática, isso implica uma economia em torno de R$ 230 milhões em despesas financeiras, citaram os analistas. O grupo varejista reportou uma dívida bruta de R$ 4,4 bilhões no primeiro trimestre, com dívida líquida de R$ 3,2 bilhões e um Ebitda (últimos 12 meses) de R$ 2,15 bilhões.

“Com o movimento, os acionistas minoritários terão uma forte diluição na base acionária, passando a deter apenas 14,5% da companhia, versus 100% anteriormente”, citou a equipe da XP.

Michael Klein, um dos filhos do fundador da Casas Bahia, Samuel Klein (falecido em 2014), tem hoje uma participação de 3,68%, segundo dados da B3.

O Goldentree Fundo de Investimento em Ações, gerido pela BRL Trust, detém 7,85%.

Apesar de a conversão levar a uma redução na despesa financeira e, consequente, a uma melhora do fluxo de caixa da companhia, isso pode não ser totalmente refletido nos preços atuais das ações, segundo os analistas da XP.

“Dessa forma, poderemos ver uma queda no papel para ajustar para sua nova participação”, afirmaram analistas no relatório.

As ações da Casas Bahia (BHIA3) caíam 3,63%, cotadas a R$ 2,92, por volta das 12h50 (horário de Brasília), com desvalorização acumulada de 31,6% em 12 meses. Em 2025, a alta é de 2,82%.

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