BTG Pactual prevê avanço em adquirência e cash management em 2026, diz Sallouti

Em reunião anual com investidores, CEO aponta as expectativas de crescimento por verticais, com destaque para a frente de atendimento a empresas com novas soluções: ‘são sementes que estamos plantando para colher ao longo da década’

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Bloomberg Línea — O BTG Pactual (BPAC11) vai intensificar em 2026 o lançamento de produtos estratégicos para empresas que vêm sendo desenvolvidos nos últimos anos.

O CEO, Roberto Sallouti, apresentou nesta tarde de sexta-feira (28) durante a Reunião Anual com investidores uma agenda de expansão que inclui adquirência via BTG Pay e gestão de caixa corporativo como principais apostas.

“São sementes que estamos plantando para coletar ao longo da próxima década”, afirmou Sallouti ao detalhar os investimentos em adquirência, no banco em Luxemburgo, no banco nos Estados Unidos, o serviço de cash management e a integração do Banco Pan.

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O executivo explicou que o banco está em soft launch do negócio de adquirência.

“Vamos ‘escalonar’, começando primeiro com adquirência digital, depois com as maquininhas”, disse.

O BTG Pay integra maquininhas físicas e pagamentos online.

“Acreditamos que isso aqui é fundamental para aumentarmos a nossa penetração principalmente no mercado de varejo”, afirmou.

A gestão de caixa corporativo será lançada no segundo semestre de 2026.

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“Vamos lançar nossa plataforma de cash management para grandes empresas aqui no Brasil, que achamos que é um novo segmento para crescermos”, disse Sallouti.

A solução permite que empresas possam centralizar e gerenciar saldos e extratos de contas de todos os bancos em uma plataforma, via Open Finance.

Sallouti afirmou que o banco já tem 65% da oferta completa pretendida na plataforma digital para empresas. “Estamos tentando chegar o mais rápido possível a 85%”, disse o executivo.

Ele destacou ainda que o banco foi reconhecido quatro vezes como melhor do mundo para PMEs pela Global Finance. O executivo ressaltou a estratégia de investimento de longo prazo da instituição financeira.

A aquisição da Sertrading, empresa de comércio exterior, integra a estratégia de expansão.

“Era uma coisa não óbvia, mas que realmente vemos mais fluxo de câmbio, mais serviços, mais penetração, nova gama de clientes”, afirmou o CEO.

A operação amplia o alcance do banco junto a multinacionais e no mercado de importação e leasing de aeronaves.

Alta acima de 20% para carteira de crédito

Sallouti projetou crescimento de “um pouco mais de 20%” para a carteira de crédito em 2026, mantendo disciplina de capital.

O executivo destacou o desempenho do BTG Pactual em segmentos como corporate, middle market, PME (pequenas e médias empresas) e em mercados da América Latina como vetores de expansão.

“Enxergamos o ano que vem como mais um ano de receitas crescendo mais que despesas, mais um ano de benefício de alavancagem operacional”, disse.

O executivo disse prever ganhos adicionais de eficiência com a integração do Banco Pan, que deve ser concluída até o final de 2025. Em outubro, foi divulgada a proposta de fechamento de capital do Pan na B3.

O BTG Pactual encerrou os nove meses de 2025 com retorno sobre patrimônio de 26,4% e índice de eficiência de 35,4%, menor patamar desde 2020.

Sallouti afirmou que enxerga a possibilidade de retomada Na vertical de Investment Banking, “castigada” nos últimos anos pelos juros elevados no país, que desestimulam a atividade principalmente de ECM (Equity Capital Markets).

“Se seguir essa tendência de flows [fluxos de capital] para mercados emergentes, com a queda de juros que o mercado está precificando para o ano que vem, achamos que realmente podemos voltar a ver crescimento na área de investment banking depois de vários anos”, projetou.

Em Sales & Trading, o CEO destacou iniciativas em maturação.

“Novos produtos com a parte de commodities, com a parte de serviços ao comércio exterior via Sertrading, novas geografias, novos fluxos, são todas pequenas iniciativas que vão se acumulando”, disse.

Para a vertical de Asset Management, Sallouti destacou o interesse de investidores internacionais pela América Latina. “Achamos que dá para seguir nessa linha de crescimento no ano que vem”, afirmou.

Em Wealth Management, que cresceu 40% ao ano desde 2020, o executivo projetou uma desaceleração controlada. “Ano que vem dá para seguir crescendo, talvez não 35% em receita, mas 25%, algo ao redor disso”, disse.

Transformação da base de funding

O CEO destacou a transformação da base de funding como decisão estratégica fundamental ao longo dos últimos anos.

“A nossa base de depósito de varejo cresceu sete vezes e meia desde 2020”, afirmou.

Em termos proporcionais, o percentual de funding que vem do varejo saltou de 12% em 2020 para 28% em 2025.

As units do BTG Pactual acumulavam valorização de 94% no acumulado deste ano até a sessão de quinta-feira (27), cotadas a R$ 52,66, próximo da máxima histórica de R$ 54,70. Nesta sexta, subiam cerca de 2,83% às 16h50, para R$ 54,15.

O Ibovespa avança perto de 33% em 2025.

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