Bradesco: lucro líquido cresce no 2º trimestre com redução de despesas com devedores

Banco lucrou R$ 4,7 bi entre abril e junho, alta de 12% em três meses, com rentabilidade de 10,8%; margem financeira, no entanto, caiu 5,9% na base anual

A Bradesco bank branch in the financial district of Sao Paulo, Brazil
05 de Agosto, 2024 | 08:16 AM

Bloomberg Línea — O Bradesco (BBDC4) apresentou um crescimento do lucro líquido recorrente no segundo trimestre, destacando um aumento da carteira de crédito, uma redução das despesas com provisões e uma melhora da inadimplência, segundo resultado divulgado na manhã desta segunda-feira (5).

O desempenho refletiu a execução de um plano estratégico em curso desde o início do ano, após enfrentar um cenário desafiador desde 2022 devido aos maiores atrasos no cumprimento das obrigações pelos clientes, que prejudicou principalmente o varejo massificado, e a uma piora das condições do mercado de capitais.

A recuperação dos resultados do Bradesco tem sido gradual, como mostrou o novo relatório. “Benefícios aparecerão em nossos resultados operacionais, parcialmente em 2024, e em maior escala a partir de 2025″, reforçou o banco ao apresentar seus números.

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Entre abril e junho, o lucro líquido recorrente totalizou R$ 4,72 bilhões, um crescimento de 12% e de 4,4% nos comparativos trimestral e anual, respectivamente. Considerando o resultado total do primeiro semestre, o Bradesco lucrou R$ 8,9 bilhões, um aumento de 1,5% em relação a igual período do ano passado.

O lucro trimestral divulgado pelo Bradesco ficou acima do projetado por analistas. O JPMorgan, por exemplo, esperava R$ 4,3 bilhões, enquanto o Santander apontava uma expectativa de R$ 4,2 bilhões.

Já a margem financeira caiu 5,9% no segundo trimestre na base anual, somando R$ 15,6 bilhões. No entanto, houve uma melhora em três meses (+2,8%). A rentabilidade medida pelo ROAE (retorno sobre patrimônio médio) acumulado ficou em 10,8%, alta de 0,6 ponto percentual em três meses, mas recuo de 0,10 p.p. em 12 meses.

“Revertemos a trajetória de queda nas receitas com operações de crédito, voltando a crescer depois de seis trimestres”, disse o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, em nota.

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A carteira de crédito expandida somou R$ 912,1 bilhões no segundo trimestre, alta de 2,5% em três meses e de 5% em 12 meses, com destaque positivo para crédito rural (+40,4% no ano), imobiliário (+9,4%), crédito pessoal (+8%) e consignado (+5,1%).

As despesas com PDD (provisões para devedores duvidosos) tiveram redução de 6,7% e de 29,3% nos comparativos trimestral e anual, respectivamente, um desempenho atribuído à melhora da qualidade das safras de crédito, eficiência na cobrança e redução do custo de crédito.

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“Expandimos a carteira de crédito e reduzimos a inadimplência ao mesmo tempo”, observou Noronha.

Margem negativa no semestre vs. projeção positiva do guidance

As receitas de prestação de serviços cresceram 5,1% em três meses e 6,4% em 12 meses, totalizando R$ 9,3 bilhões.

Em comparação ao guidance (projeção) divulgado para 2024, alguns dados do primeiro semestre ainda estão fora do intervalo previsto no início no ano. A margem financeira total estava negativa em 7,5% entre janeiro e junho, enquanto o guidance aponta um indicador positivo entre 3% e 7% no ano.

O crescimento da carteira de crédito expandida previsto para 2024 é entre 7% e 11% - no primeiro semestre, ficou em 5%, abaixo do piso da projeção anual. A PDD expandida, que totalizou R$ 15,1 bilhões no semestre, foi estimada em um intervalo de R$ 35 bilhões e R$ 39 bilhões para 2024.

“Aprimoramos modelos e processos, melhoramos a eficiência e, assim, nos sentimos seguros para ir mais rápido no crédito. Essa aceleração da originação vai resultar em aumento da margem líquida nos próximos trimestres”, previu Noronha.

O Bradesco é o segundo grande banco do varejo a divulgar o resultado do segundo trimestre.

No mês passado, o Santander Brasil (SANB11) divulgou um lucro líquido recorrente de R$ 3,3 bilhões, alta de 10,3% e de 44,3% nos comparativos trimestral e anual, respectivamente, o que foi visto como acima das expectativas, com rentabilidade de 15,5%, alta de 1,4 ponto percentual em três meses e de 4,3 p.p. em 12 meses.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.