Banco do Brasil sofre impacto do agro e atinge menor rentabilidade desde 2016

ROE do banco estatal caiu de 16,2% de janeiro a março para 8,4% no segundo trimestre; inadimplência da carteira do agro subiu 2,17 pontos na base anual, para 3,49%

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Bloomberg Línea — A carteira de agronegócio aprofundou o seu impacto negativo nos resultados do Banco do Brasil (BBAS3).

O maior banco estatal do país com atuação no varejo registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,78 bilhões no segundo trimestre de 2025, queda de 60,2% em 12 meses e de 48,7% contra o trimestre anterior.

Apesar da retração, o resultado divulgado na noite desta quinta-feira (14) ficou 11,5% acima do consenso de analistas pela Bloomberg, que estimava lucro de R$ 3,39 bilhões no período.

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Outros indicadores mostraram números igualmente negativos.

Um dos principais destaques do balanço foi o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), indicador de rentabilidade do banco.

O ROE do BB caiu para 8,4%, ou 13,2 pontos percentuais (p.p.) abaixo dos 21,6% alcançados no mesmo período do ano passado e também 7,8 p.p. abaixo dos 16,2% atingidos no primeiro trimestre deste ano.

O resultado representa a menor rentabilidade para o BB, liderado pela CEO Tarciana Medeiros, desde o quarto trimestre de 2016, quando o ROE foi também de 8,4%.

A baixa é impactada pela exigência de maior provisionamento sob a nova regulação CMN 4.966 e pela alta da inadimplência na carteira de crédito do agronegócio, que representa um terço do portfólio do BB.

O Banco do Brasil somou R$ 1,29 trilhão em sua carteira de crédito, com R$ 468 bilhões voltados a pessoas jurídicas, R$ 404,9 bilhões ao agronegócio e R$ 342,6 bilhões correspondentes a pessoas físicas.

A inadimplência da carteira do agro subiu 2,17 pontos percentuais frente ao segundo trimestre de 2024, para 3,49%.

“Apesar do cenário positivo para a safra no Brasil em 2025, com uma colheita recorde, e do elevado percentual de garantias nessa carteira, há um estoque de operações que não foram pagos na safra 2024/2025, inclusive, por conta das recuperações judiciais no setor – que exigem maior provisionamento sob a nova regulação", informou o banco em nota.

Na carteira de crédito total, também houve avanço na inadimplência em base anual, de 3,00% para 4,21%.

Já as provisões para perdas esperadas por risco de crédito foram de R$ 94,7 bilhões no trimestre, alta de 50,6%.

Revisão do guidance

A surpresa negativa no balanço vem desde o primeiro trimestre, quando o Banco do Brasil anunciou uma revisão de seu guidance para o ano. Os novos números foram divulgados nesta quinta-feira junto com o balanço.

O banco estatal agora espera reportar um lucro líquido ajustado entre R$ 21 e 25 bilhões – intervalo mais de R$ 10 bilhões inferior que o anteriormente esperado, de R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões.

“O ano de 2025 é de ajuste para aceleração do crescimento. Projetamos lucro entre R$ 21 e 25 bilhões e seguimos com investimentos estruturantes para geração de riqueza aos nossos acionistas” destacou, em nota, a presidente do BB, Tarciana Medeiros.

A estimativa para a margem financeira bruta estava entre R$ 111 bilhões e R$ 115 bilhões para 2025, e foi reduzida para R$ 102 bilhões e R$ 105 bilhões.

Já o custo de crédito estava estimado entre R$ 38 bilhões e R$ 42 bilhões e subiu para um patamar entre R$ 53 bilhões e R$ 56 bilhões.

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