Aura Minerals: alta do preço do ouro favorece a distribuição de dividendo, diz CFO

Em entrevista à Bloomberg Línea, Kleber Cardoso explica por que a mineradora vai pagar US$ 0,35 por ação, acima do percentual mínimo obrigatório; distribuição totalizará US$ 25,4 mi

Instalação de tratamento de ouro da Aura em Apoema (Foto: Divulgação)
07 de Junho, 2024 | 11:56 AM

Bloomberg Línea — A valorização de cerca de 15% acumulada pelo ouro neste ano vai começar a render maiores dividendos aos quase 30 mil investidores dos papéis da Aura Minerals (AURA33).

A mineradora brasileira, dona de jazidas do metal no Brasil, em Honduras e no México, vai pagar o seu maior dividendo semestral em três anos a partir deste mês, acima do percentual mínimo obrigatório, segundo fato relevante divulgado nesta sexta-feira (7).

Listada na Bolsa de Toronto e com BDRs (recibos de ações) negociados na B3, a companhia vai pagar US$ 0,35 por ação, totalizando uma distribuição de dividendo semestral no valor de US$ 25,4 milhões.

Em entrevista à Bloomberg Línea, o CFO da Aura, Kleber Cardoso, disse que o valor é o maior desde o pagamento realizado em março de 2021, quando o acionista recebeu US$ 0,83 por ação.

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“Em março de 2021, a companha tinha excesso de caixa e decidimos pagar dividendo extraordinário. Foi um total de US$ 60 milhões, o maior volume que já pagamos”, recordou o executivo.

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Ele disse ainda que o valor a ser pago supera o definido pela política de dividendos mínimos adotada pela companhia.

O provento é definido com base nos resultados financeiros do primeiro trimestre e do esperado para o segundo deste ano. A fórmula de cálculo do dividendo mínimo da Aura considera 20% de seu Ebitda (geração de caixa) menos o capex (investimento) de manutenção e exploração da companhia.

“A Aura não pagava um valor confortavelmente acima do mínimo desde 2021″, afirmou Cardoso.

O dividendo será pago no próximo dia 28 para os acionistas com posição registrada no Canadá no fechamento dos negócios do dia 20 (data base). Os detentores de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) registrados também no dia 20 receberão até 9 de julho o valor de dividendos em reais, com base em taxa de câmbio de mercado a ser divulgada em comunicado, antes de sua data de pagamento.

A perspectiva para a próxima distribuição de dividendos da Aura é positiva, já que o ouro não dá sinais de reversão de tendência altista. Na quinta-feira (6), o contato futuro para agosto fechou em alta de 0,65%, a US$ 2.390,9 por onça troy. Em 20 de maio, o metal atingiu o recorde histórico de US$ 2.454,2.

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“Estamos caminhando para um segundo semestre até mais forte. Não é apenas o preço do ouro que está interessante. O do cobre também”, disse o CFO.

O contrato para julho do cobre avançou 1,56%, a US$ 4.6780 por libra-peso, ontem, na Comex, divisão de metais da Nymex (New York Mercantile Exchange).

Dividend yield acima das expectativas

O pagamento do dividendo semestral da Aura corresponde a um dividend yield de aproximadamente 8,9% nos últimos 12 meses, considerando também o programa contínuo de recompra de ações da companhia, observou o CEO da Aura, Rodrigo Barbosa, no fato relevante.

“No nosso re-IPO em 2020, apresentamos uma estratégia focada em fluxos de caixa robustos, crescimento acelerado e distribuição de dividendos. Desde então, posicionamos-nos entre as empresas que mais pagam dividendos no setor globalmente, registrando um dividend yield/recompra de ações de 13,5% em 2021, 6% em 2022 e 6% em 2023″, afirmou Barbosa.

Segundo ele, esse desempenho foi alcançado enquanto a companhia desenvolvia a nova mina Almas no Tocantins e adquiria o projeto Borborema, que atualmente está em fase de construção no Rio Grande do Norte.

“Estamos satisfeitos em encerrar o primeiro semestre de 2024 com resultados operacionais melhores que as nossas expectativas”, resumiu o CEO.

No primeiro trimestre, a companhia reportou receita líquida de US$ 132 milhões, alta anual de 36%, além de um aumento de 28% na produção. O Ebitda ajustado totalizou US$ 53 milhões entre janeiro e março, uma melhora de 45% em 12 meses.

Segundo o CFO, o resultado do segundo trimestre sai no próximo dia 6 de agosto após o fechamento do mercado. Antes, no próximo dia 10 de julho, a companhia divulga a prévia de produção de suas jazidas.

Cardoso explicou ainda por que o dividend yield anunciado (8,9%) hoje superou projeções do mercado.

Um exemplo: o BTG Pactual esperava um indicador projetado para 2024 de 5,9%, segundo relatório de abril assinado pelos analistas Caio Greiner e Leonardo Correa, com recomendação de compra para a ação da mineradora, com preço-alvo de US$ 9,27 (R$ 47). Na quinta-feira (6), o papel fechou em Toronto a US$ 12,77 (+3,82%), enquanto o BDR subiu 1,94%, para R$ 48,32.

“A disparada do preço do ouro desde fevereiro ainda não está nas projeções dos analistas. O metal saiu de um nível de US$ 2.000 para perto de US$ 2.400. As estimativas também consideraram que a Aura pagaria apenas o dividendo mínimo de 20%. Estamos indo além. Outro fator: o preço-alvo do BTG não reflete que tivemos um desempenho melhor do que o esperado devido à melhor cotação da commodity”, disse o CFO.

No acumulado do ano, os BDRs da Aura subiram quase 40%, enquanto o Ibovespa caiu mais de 9%.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.