Bloomberg Línea — A Americanas pretende avançar em sua jornada para sair da recuperação judicial com nova liderança executiva.
O conselho de administração aprovou nesta segunda-feira (25) o nome de Fernando Soares como próximo CEO da companhia, em sucessão a Leonardo Coelho, que está no cargo de comando desde fevereiro de 2023.
Soares, que atualmente é o COO (Chief Operating Officer) e está na Americanas há cerca de um ano, assumirá em 1º de outubro.
Coelho passará a integrar o comitê financeiro.
A mudança é mais um passo no plano de reestruturação da Americanas, que espera que o processo de recuperação judicial seja concluído no primeiro semestre do ano que vem, como disse Coelho em entrevista à Bloomberg Línea no último dia 13.
Leia mais: Conheça 10 empresas para ficar de olho neste segundo semestre
“Desde sua chegada, Leonardo Coelho foi fundamental no processo de recuperação judicial e gestão da crise”, afirmou o presidente do conselho, Eduardo Saggioro, em nota.
Formado em administração de empresas, Soares foi CEO da Domino’s Pizza no Brasil, empresa em que conduziu a reestruturação da marca no país.
Durante sua passagem pela AB InBev, ele desenvolveu expertise em gestão de grandes corporações e operações internacionais, alinhado com a escola preconizada pelos empreendedores bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas controladores da Americanas.
Liderou a divisão de bebidas não alcoólicas no Brasil e comandou unidades de negócio na Colômbia, no Peru e no México.
Leia mais: CEO da Americanas vê fim de recuperação judicial em 2026 e retoma aposta em crédito
Um dos desafios atuais de Coelho - que deverá ser herdado por Soares - será levantar recursos com a venda de ativos como a HNT (Hortifruti Natural da Terra), a Imaginarium e a Puket.
Há duas semanas, a companhia confirmou a reabertura do processo de sondagem de mercado para a HNT.
O Citi é novamente o banco de investimento responsável por receber ofertas.
Os recursos de uma potencial venda serão usados para reduzir o endividamento, como prevê o acordo com os credores. Em 2023, a companhia suspendeu a prospecção após receber ofertas abaixo de suas expectativas.
Com 1.521 lojas, a Americanas também estuda o fechamento de novas unidades deficitárias, como disse Coelho em teleconferência com investidores no último dia 13, que teve a participação de Soares.
Durante sua participação, o futuro CEO falou sobre a redução da área das lojas, que resultou em crescimento das vendas por metro quadrado.
A tradicional rede varejista entrou em recuperação judicial em janeiro de 2023 após a descoberta de uma fraude contábil da ordem de R$ 25 bilhões.
O trio de acionistas controladores tem a obrigação de manter uma posição de pelo menos 50% do capital durante três anos, a contar da homologação do plano de recuperação judicial, em fevereiro de 2024, segundo a CFO, Camille Loyo Faria.
Desafios do novo CEO
Com a reestruturação em curso, a Americanas reduziu seu sortimento e descontinuou as operações de sua fintech Ame, cuja licença de IP (instituição de pagamento) está à venda, segundo Coelho.
A companhia tem parceria com a Brasil Card para explorar a modalidade de CDC (crédito direto ao consumidor), o que espera impulsionar suas vendas.
Em junho, a varejista regularizou dívidas fiscais com um desconto integral de juros e multas, que totalizou R$ 500 milhões, resultando em uma obrigação de R$ 865 milhões.
Mesmo com esse alívio, analistas do sell side mantêm cautela na hora de recomendar as ações da varejista, em um cenário desfavorável ao varejo devido aos juros elevados e a maior competição do setor com players asiáticos.
“A regularização fiscal é essencial para a reestruturação financeira da empresa e para a retomada da confiança de investidores e credores”, apontou o analista Rafael Ragazzi, em nota da Nord Investimentos.
Na sua avaliação, a saída da recuperação judicial dependerá da “execução eficaz do plano de reestruturação e da superação dos desafios operacionais e financeiros que ainda persistem”.
Nesta segunda-feira, as ações da companhia (AMER3) fecharam em alta de 3,14%, cotadas a R$ 5,26, reduzindo as perdas acumuladas no ano para 8,20%.
Leia também
Petrobras vai aumentar a produção mesmo com o excesso de petróleo no mundo, diz CEO