Bloomberg — A Fifa atraiu muitos dos principais times do mundo para os Estados Unidos para a primeira edição da Copa do Mundo de Clubes, com um valor recorde de US$ 1 bilhão a ser distribuído no torneio que começa neste sábado (14).
Apesar de uma campanha de marketing global que contou com a participação de Lionel Messi, até agora os torcedores parecem não ter ficado muito atraídos.
Depois de uma fase de vendas que começou com ingressos acima de US$ 300, os assentos para o jogo de abertura amanhã em Miami entre o Inter Miami de Messi e o Al Ahly do Egito estão disponíveis por US$ 73 na Ticketmaster. Um desconto de 76% raro - ou quase inédito - para a fase de ouro de torneios da Fifa.
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Mas com a participação de Real Madrid, Manchester City, Paris Saint-Germain e Bayern de Munique, os organizadores apostam que os jogos do “mata-mata” vão conseguir encher os grandes estádios, dado que o prêmio de US$ 125 milhões para o campeão atrai os 32 clubes a jogar com seus melhores jogadores.
Embora essa seja uma fração da receita anual dos grandes clubes europeus, ainda é um prêmio significativo, mesmo para as equipes mais bem-sucedidas.
Além disso, é um ganho enorme para clubes de países como Brasil ou Argentina, o que potencialmente prepara o terreno para jogos competitivos - desde que o abismo técnico entre as equipes não prevaleça como tem acontecido há anos.
Para os torcedores nos EUA, o torneio é uma rara oportunidade de ver alguns dos melhores jogadores do esporte, incluindo os atacantes Kylian Mbappé, Harry Kane e Erling Haaland - bem como Ousmane Dembélé e outros jogadores do recém-coroado campeão europeu PSG - a preços relativamente acessíveis.
E, como os torneios de pré-temporada de verão no hemisfério norte, que geralmente incluem os principais clubes europeus, costumam esgotar os ingressos, o interesse por grandes jogos deve aumentar à medida que a competição avance.
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“Eu esperaria que os jogos de grandes times esgotassem os ingressos”, disse Pete Oliver, diretor executivo de mercados em crescimento da DAZN, a plataforma global de transmissão exclusiva do torneio.
“Se o Chelsea vier e fizer uma turnê de pré-temporada nos EUA, eles esgotam todos os estádios imediatamente. O Real Madrid vai lotar. Os grandes times sul-americanos vão lotar.”
O torneio, que se estenderá até 13 de julho, contará com 48 jogos da fase de grupos em 11 cidades dos EUA. Ele servirá como uma espécie de teste da Copa do Mundo de seleções no ano que vem, que será disputada na América do Norte, em uma amostra do que as cidades podem esperar, embora em menor escala.
Testando a demanda
O evento testará a demanda entre os torcedores americanos. O preço médio para a partida final no MetLife Stadium, em Nova Jersey, sai atualmente de US$ 900. Para efeito de comparação, os ingressos para o Super Bowl deste ano custaram em média entre US$ 2.000 e US$ 6.000, de acordo com dados do StubHub, plataforma de vendas no mercado secundário.
O controle de multidões e a segurança serão outros aspectos a serem observados, pois os torcedores por vezes “agitados” da Europa e da América do Sul, que geralmente viajam longas distâncias para os torneios internacionais, lotam as cidades e os estádios anfitriões.
Os torcedores de fora dos EUA também terão que lidar com as regras e as restrições de imigração em constante mudança sob a administração Trump.
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A última vez que os EUA sediaram um grande torneio de futebol foi a Copa América de seleções de meados de 2024. A final entre Argentina e Colômbia começou com atraso depois que uma multidão de torcedores sem ingressos invadiu o estádio e sobrecarregou o trabalho da equipe de segurança, provocando o caos dentro da arena e ao redor em Miami.
Os jogos do Real Madrid, um dos times mais populares do mundo, estão praticamente esgotados, de acordo com o site esportivo espanhol As.com.
A Ticketmaster mostra que os assentos mais baratos para o primeiro jogo do clube contra o Al Hilal, da Arábia Saudita, custam a partir de US$ 256.
A Fifa usou uma política de preços dinâmicos para os ingressos a fim de avaliar a demanda e agora tenta preencher os lugares que sobraram com descontos.
O formato anterior para coroar o melhor clube do mundo envolvia um torneio com o vencedor da Liga dos Campeões da Europa, da Libertadores da América do Sul e outras equipes campeãs continentais de todo o mundo. Os times europeus têm dominado, saindo como campeões 14 dos últimos 15 anos.
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