99Food começa a operar em Goiânia com descontos e diz que mira longo prazo

Com promessa de taxas menores para restaurantes e garantia de valores mínimos para entregadores, 99Food retoma operação com plano de expansão e de ganho gradual de mercado

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Bloomberg Línea — A 99Food iniciou nesta segunda-feira (16) de forma oficial a sua operação no Brasil na cidade de Goiânia, após uma semana de testes.

A reestreia da divisão de negócios de entregas de refeições e lanches, que havia encerrado as atividades em 2022, faz parte de nova ofensiva da DiDi, a holding chinesa controladora da 99.

O plano da 99Food prevê investimentos de R$ 1 bilhão neste ano de 2025.

No retorno ao mercado, a 99Food anunciou a isenção de taxas e comissões cobradas de restaurantes por até 24 meses.

Em simulação de um pedido de refeição de R$ 100,00 enviado à Bloomberg Línea, a 99Food cobra uma taxa de delivery de 4,5% + 3,2% pela transação de pagamento, resultando em um repasse líquido de R$ 92,30.

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O setor convive, de acordo com dados da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), com taxas que variam entre 18% a 30%. Ou seja, em alguns casos, o restaurante pode ficar com R$ 70,00 como valor final.

Aos entregadores, a estratégia passa por investir em um modelo de remuneração mínima. Quem realizar 20 corridas por dia – sendo ao menos cinco via 99Food – terá um rendimento garantido de, ao menos, R$ 250 no dia.

A operação também tem oferecido R$ 10,00 por corrida neste início do serviço, além dos valores referente aos quilômetros percorridos.

E prometeu investir R$ 50 milhões na construção de pontos de apoio ao longo dos próximos cinco anos pelo país.

De acordo com Luis Gamper, diretor sênior de Logística da 99 no Brasil, os benefícios não terão um prazo de validade.

“Queremos que os motociclistas tenham um ganho sustentável como um todo. Neste começo, de forma natural do negócio, teremos menos pedidos, que irão aumentar conforme entrem mais restaurantes”, disse.

Segundo a 99Food, os preços na plataforma serão similares aos oferecidos nos cardápios dos restaurantes - contrapartida contratual exigida para os benefícios de isenções de taxas.

“O grande objetivo foi encontrar uma proposta que oferecesse um preço mais acessível e mais justo para o prato que o consumidor quiser. Ao mesmo tempo, conseguimos devolver para os restaurantes 20% a mais de oportunidade de lucro para o mesmo prato”, disse Bruno Rossini, diretor de Comunicação da 99.

“Isso devolve para o restaurante o controle do menu dele”, completou, em referência ao efeito de taxas mais baixas sobre o preço do prato.

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A 99Food permaneceu com a taxa de delivery, conhecida como taxa de entrega.

Trata-se de uma diferença em relação à concorrente Rappi, que também avança com promoções depois de anunciar R$ 1,4 bilhão em investimento nos próximos três anos.

“A nossa proposta é oferecer um negócio sustentável a longo prazo. Não é promocional e não é para enquanto eles [a concorrência] acham que o fôlego dos outros competidores vai existir”, disse Rossini.

Nos primeiros dias dias de operação, a 99Food decidiu oferecer cupons de descontos que somam R$ 99,00 como parte da estratégia agressiva.

A disputa acirrada com queima de caixa operacional no mercado de delivery remete aos primeiros anos do segmento de aplicativos de mobilidade, quando Uber, Cabify, Easy Táxi e a própria 99 disputavam os clientes com descontos.

Próximos passos

Depois de Goiânia, a 99Food planeja expandir para a região metropolitana e, em um segundo momento, para outras capitais brasileiras.

A companhia evitou detalhar um número exato de novas cidades até o fim de 2025, mas afirmou que a meta é ampliar a cobertura de forma gradual.

A 99Food também não revelou quanto terá disponível para investimentos a partir de 2026, que deve ser um ano de ganho de escala da operação.

“Se o investimento será maior ou menor, não temos como falar. Mas, com certeza, continuaremos investindo com uma proporção considerável para a nossa ambição de abrir no Brasil inteiro e nas principais cidades”, afirmou Gamper.

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