Surpresa em eleição do Japão faz o iene subir: futuros apontam direções mistas

Coalizão governista do Japão sofreu derrota histórica na eleição da Câmara Alta no fim de semana, o que ampliará incertezas para o primeiro-ministro Shigeru Ishiba; futuros na China apontam para alta, e na Austrália, para queda

Por

Bloomberg — O iene se fortaleceu depois que a coalizão governista do Japão sofreu uma derrota histórica na eleição da Câmara Alta no fim de semana, o que prepara terreno para o aumento da incerteza política. Os mercados asiáticos estão preparados para um início com direções mistas nesta segunda-feira (21).

A moeda japonesa subiu até 0,7% em relação ao dólar, antes de reduzir os ganhos, depois que a emissora pública NHK informou que o Partido Liberal Democrático (PLD) no poder, juntamente com o parceiro de longa data Komeito, perdeu sua maioria na Câmara.

Os futuros de ações do Nikkei pouco mudaram, enquanto os mercados à vista estão fechados para um feriado. Os futuros indicam que as ações australianas podem cair no início das negociações, enquanto as chinesas podem subir.

Leia mais: Culpa das tarifas? Empresas elegem nova ‘vilã’ em pedidos de recuperação judicial

O primeiro-ministro Shigeru Ishiba agora tentará governar com algum apoio da oposição. É a primeira vez, desde 1955, que um líder do famoso partido japonês governará o país sem a maioria em pelo menos um dos órgãos legislativos.

“A incerteza geralmente tende a favorecer o iene, pelo menos inicialmente”, disse Rodrigo Catril, estrategista de moedas do National Australia Bank em Sydney.

“De modo geral, o resultado da eleição não é uma boa notícia para os ativos japoneses, e nós procuraríamos enfraquecer a força do iene.”

Os traders estiveram em suspense durante semanas antes da eleição, com preocupações de que um resultado ruim do partido de Ishiba abriria a porta para mais gastos do governo e cortes de impostos.

Isso colocou o iene sob pressão e fez com que os rendimentos dos títulos públicos japoneses atingissem máximas de vários anos.

Os futuros de ações dos EUA ficaram estáveis no início do pregão, depois que o S&P 500 fechou com poucas alterações na sexta-feira, em uma semana de recordes.

O presidente dos EUA, Donald Trump, rebateu uma notícia de que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o teria aconselhado e alertado que os mercados reagiriam mal se ele demitisse o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

“A remoção de Powell como presidente do Fed continua improvável e, mesmo nesse cenário, é difícil ver os outros diretores votando a favor de cortes se o cenário econômico não os justificar”, escreveram estrategistas do Barclays, incluindo Themistoklis Fiotakis, em uma nota aos clientes.

Leia mais: Trump nega planos de demitir Jerome Powell: ‘é altamente improvável’

“Fora desse ruído das manchetes, houve sinais de consolidação do dólar, talvez como reflexo de uma mudança na função de reação dos mercados às tarifas.”

Os olhos da Ásia logo se concentrarão nas taxas primárias dos empréstimos chineses a serem divulgadas na segunda-feira.

Os bancos comerciais da China provavelmente manterão suas taxas inalteradas pelo segundo mês consecutivo, seguindo as orientações do Banco Popular da China (PBOC), já que os dados de crescimento mostram sinais de resistência, de acordo com a Bloomberg Economics.

“Com os dados do PIB [da China] do segundo trimestre mostrando uma ampla resiliência na economia em meio a uma trégua de 90 dias na guerra comercial, o banco central provavelmente não tem pressa em flexibilizar”, escreveu Eric Zhu, economista do BE, em uma nota.

“Dadas suas estreitas margens de juros líquidas, os bancos não têm um forte incentivo para reduzir as taxas de empréstimo sem novos cortes do PBOC.”

-- Este artigo foi produzido com a ajuda da Bloomberg Automation.

Veja mais em bloomberg.com

©2025 Bloomberg L.P.