Powell diz que impacto das tarifas de Trump na inflação ainda é uma incógnita

Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse em audiência no Senado nesta quarta que ainda é difícil prever com antecedência o efeito nos preços

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Bloomberg — O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse nesta quarta-feira (25) que o banco central dos Estados Unidos ainda luta para determinar o impacto das tarifas comerciais do presidente Donald Trump sobre os preços ao consumidor.

“A questão é: quem vai pagar pelas tarifas?”, disse Powell em resposta a uma pergunta durante seu depoimento perante o Comitê Bancário do Senado. “Quanto disso se reflete na inflação? E, sinceramente, é muito difícil prever isso com antecedência.”

O segundo dia de depoimento de Powell no Congresso esta semana ocorre depois que as autoridades do Fed mantiveram as taxas de juros estáveis em 18 de junho.

Os formuladores de política monetária enfrentam ainda mais pressão do presidente Donald Trump para reduzir os custos dos empréstimos na esteira de leituras de inflação mais fracas do que o esperado.

Dois governadores do Fed, Christopher Waller e Michelle Bowman, sinalizaram que estariam abertos a reduzir as taxas já em julho, caso a inflação permaneça contida.

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Mas, na terça-feira, Powell repetiu sua mensagem de que as autoridades não precisam se apressar para reduzir as taxas, citando a economia forte e a incerteza sobre como as tarifas afetarão a inflação.

Powell disse ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara que os dados econômicos recentes são um retrato do passado e que muitos economistas esperam “um aumento significativo da inflação” ao longo deste ano devido às tarifas.

Assim como os colegas da Câmara na terça-feira, os republicanos do Senado na quarta-feira se abstiveram, em geral, de atender ao pedido de Trump, publicado nas mídias sociais, de que o Congresso “realmente trabalhe essa pessoa muito burra e cabeça dura”.

O senador Bernie Moreno, de Ohio, foi uma exceção.

“Nós fomos eleitos por milhões de eleitores. O senhor foi eleito por uma pessoa, e ela não quer que o senhor ocupe esse cargo”, disse Moreno, referindo-se ao presidente, que indicou Powell para o cargo de presidente do Fed em 2017. “E o senhor está custando a este governo US$ 400 bilhões por ano ao se recusar a baixar as taxas de juros.”

Trump tem se concentrado recentemente no custo das taxas de juros para o governo no serviço da dívida do país.

Reformas

Powell também respondeu às perguntas do presidente do comitê, Tim Scott, sobre os custos excedentes relatados relacionados à reforma de dois prédios do Fed no centro de Washington.

Scott e cinco outros republicanos do painel divulgaram uma carta que entregaram a Powell antes da audiência, perguntando sobre relatos de “reformas luxuosas” nas instalações do Fed e sobre a “politização” do banco central.

Sem refutar a afirmação de Scott de que as despesas do projeto haviam aumentado de um valor estimado de US$ 1,9 bilhão para US$ 2,5 bilhões, Powell disse que várias reportagens da mídia sobre a instalação de materiais e comodidades eram falsas.

“Não há sala de jantar VIP, não há mármore novo”, disse Powell. “Não há elevadores especiais - há apenas elevadores antigos que já estavam lá -, não há novos recursos hídricos, não há colmeias de abelhas e não há jardins no terraço do telhado.”

-- Com a colaboração de Georgina Boos, Catarina Saraiva e Cam Kettles.

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