Petróleo sobe até 4% e futuros dos EUA e da Ásia recuam na abertura da semana

Investidores reagem ao agravamento do conflito no Oriente Médio no domingo e aguardam eventual reação do Irã, principalmente relacionada à passagem de navios no Estreito de Ormuz

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Bloomberg — Na abertura dos mercados nesta manhã de segunda-feira (23) no Oriente, investidores reagiram aos ataques lançados pelos EUA contra as instalações nucleares do Irã no fim de semana: a escalada acentuada dos ataques fez com que os preços do petróleo subissem e o dólar ficasse mais alto no início das negociações.

O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) saltou até 4,6%, para a casa de US$ 77 o barril, enquanto os futuros do S&P 500 caíram perto de 0,40%.

Os futuros de Tóquio tiveram pouca alteração, enquanto os de Hong Kong e os de Sydney recuaram.

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O dólar subiu em relação ao euro e à maioria dos principais pares, enquanto o ouro também se valorizou.

Mais cedo, o bitcoin caiu abaixo de US$ 100.000 pela primeira vez desde maio e o ether afundou perto de 10%, com criptomoedas em quedas generalizadas.

Os mercados rapidamente precificam o risco de uma guerra em espiral no Oriente Médio após o ataque dos EUA, uma reviravolta em relação aos comentários iniciais da Casa Branca que sugeriram que Trump decidiria dentro de duas semanas sobre um ataque para permitir negociações e não descartava uma saída negociada.

Agora, os traders aguardam a reação do Irã, monitoram o status no Estreito de Ormuz e o próximo passo dos EUA para saber se o sentimento de aversão ao risco deve se estender.

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“O tema principal será a volatilidade - os movimentos podem não se manter se, por exemplo, Trump decidir que os ataques estão concluídos”, disse Nick Twidale, analista-chefe da AT Global Markets.

“Trump tem o bastão maior em comparação com Teerã e, portanto, seu próximo passo - seja uma nova escalada ou voltar à mesa de negociações - será mais importante para os mercados.”

A reação do mercado foi, em geral, “silenciosa” desde o ataque inicial de Israel ao Irã neste mês. Mesmo depois de cair nas duas últimas semanas, o S&P 500 está apenas cerca de 3% abaixo de seu recorde histórico de fevereiro.

O dólar subiu pouco mais de 1% desde que atingiu a maior baixa em três anos no início deste mês.

Os investidores esperam, em sua maioria, que o conflito seja localizado, sem um impacto mais amplo sobre a economia global, disse Evgenia Molotova, gestora sênior de investimentos da Pictet Asset Management.

“Tudo depende de como o conflito se desenvolverá e as coisas parecem mudar a cada hora”, disse ela. “A única maneira de eles levarem isso a sério é se o Estreito de Ormuz for bloqueado, porque isso afetará o acesso ao petróleo.”

O Irã prometeu impor “consequências eternas” ao bombardeio e disse que se reserva todas as opções para defender sua soberania. Enquanto isso, Israel retomou seus ataques, tendo como alvo instalações militares em Teerã e no oeste do Irã.

“Isso marca um ponto de inflexão para os mercados”, disse Charu Chanana, estrategista-chefe de investimentos da Saxo Markets em Cingapura. A “questão é se os ativos dos EUA ainda podem comandar um prêmio de porto seguro”.

Ainda assim, o lado negativo pode ser limitado porque alguns participantes do mercado estão se preparando para um agravamento do conflito.

O MSCI All Country World Index recuou 1,5% desde que Israel atacou o Irã em 13 de junho. Os gestores de fundos reduziram suas participações em ações, e esses ativos não estão mais com sobrecompra; além disso, a demanda por hedge aumentou, o que significa que uma venda profunda é menos provável nesses níveis.

A presidente do Federal Reserve Bank de São Francisco, Mary Daly, disse no domingo que vê a postura da política monetária do banco central como “em um bom lugar” atualmente, com riscos para seus mandatos de estabilidade de preços e emprego nos EUA como aproximadamente iguais.

Daly disse que vê o banco central cortando as taxas no outono no hemisfério norte, mais tarde do que o diretor Christopher Waller, que disse na sexta-feira (20) que vê uma mudança já em julho.

Os traders analisarão novos dados de atividade econômica na Europa e nos EUA ainda nesta segunda-feira para avaliar se a guerra comercial prejudicou a produção das fábricas antes do prazo final de 9 de julho para o fim da trégua sobre a aplicação das tarifas recíprocas.

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, também deve falar.

As ações globais “permanecem sob alto risco de um forte recuo no curto prazo, já que o risco de uma interrupção no fornecimento de petróleo decorrente da guerra com o Irã é alto e a ameaça tarifária de Trump está longe de ser resolvida”, disse Shane Oliver, chefe de estratégia de investimento da AMP em Sydney.

-- Este artigo foi produzido com a ajuda da Bloomberg Automation.

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