Petróleo pode ficar mais volátil e caro com cortes sauditas, alerta AIE

Segundo a agência, mesmo que Arábia Saudita e Rússia relaxem suas restrições de oferta em 2024, os estoques ainda ficarão muito baixos

Futuros de Brent são negociados no nível mais alto desde novembro
Por Grant Smith
13 de Setembro, 2023 | 11:48 AM

Bloomberg — Os cortes de petróleo da Arábia Saudita e da Rússia criarão um “déficit significativo de oferta” e ameaçarão um novo aumento da volatilidade de preços, segundo avisou a Agência Internacional de Energia.

O mercado global de petróleo terá um déficit de 1,2 milhões de barris por dia no segundo semestre de 2023, o que representa um risco para os consumidores, disse a agência.

Mesmo que os dois produtores relaxem as suas restrições de oferta no início de 2024, os estoques de petróleo ficarão muito baixos e deixarão os preços vulneráveis a choques, afirmou a AIE.

Os futuros de Brent, o petróleo de referência global, são negociados no nível mais alto desde novembro do ano passado, a mais de US$ 92 o barril.

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“O mercado está realmente ficando mais apertado no segundo semestre”, disse Toril Bosoni, chefe da divisão de mercado de petróleo da AIE, em entrevista à Bloomberg TV nesta quarta-feira (13).

“Já em agosto vimos uma queda enorme dos estoques globais de petróleo de 75 milhões de barris, de acordo com dados preliminares.”

Os sauditas e outros países da Opep têm dito regularmente que seus cortes visam equilibrar os mercados, mas os dados do próprio grupo divulgados na terça-feira (12) mostraram um déficit no próximo trimestre de mais de 3 milhões de barris por dia, o maior em pelo menos uma década.

“Os estoques de petróleo ficarão em níveis desconfortavelmente baixos, aumentando o risco de outro surto de volatilidade que não seria do interesse nem dos produtores nem dos consumidores, dado o ambiente econômico o frágil”, afirmou a AIE. A agência assessora os principais países consumidores, como os Estados Unidos.

O relatório da AIE representa uma crítica mais explícita à parceria entre Arábia Saudita e Rússia do que no passado, com foco no impacto energético e inflacionário da guerra contra a Ucrânia.

“A extensão dos cortes de produção por parte da Arábia Saudita e da Rússia até o final do ano irá gerar um déficit substancial durante o quarto trimestre”, afirmou a AIE.

-- Com a colaboração de Francine Lacqua.

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