Bloomberg — O preço do petróleo voltou a subir no início do dia desta segunda-feira no Oriente, com os investidores focados na escalada das tensões geopolíticas, depois que Israel e o Irã continuam a atacar no fim de semana sem nenhum sinal de pausa.
A cotação do petróleo bruto do tipo Brent subiu até 5,5% no início do pregão asiático.
No fim de semana, Israel lançou um ataque ao gigantesco campo de gás de South Pars, no Golfo Pérsico, o que forçou o fechamento de uma plataforma de produção.
Essa ofensiva sucedeu ataques aéreos às instalações nucleares e à liderança militar do Irã na sexta-feira (13).
Os futuros do S&P 500 caíram na abertura na segunda-feira, enquanto os contratos de índices acionários asiáticos apontaram para quedas em Hong Kong e Sydney e para um ganho em Tóquio.
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O dólar obteve ganhos modestos em relação aos principais pares no início das negociações.
Na semana passada, a maior reação do mercado ao conflito entre Israel e Irã se deu no mercado de petróleo, com os preços subindo mais de 7% na sexta devido a preocupações de que o conflito pudesse se estender e causar interrupções em uma importante região produtora de petróleo.
Os ativos de refúgio tradicionais, como o ouro e o dólar, também subiram, embora os novos temores de inflação tenham prejudicado os títulos do Tesouro americano.
“Os mercados devem estar preparados para um período prolongado de incerteza”, disse Wolf von Rotberg, estrategista de ações do Bank J. Safra Sarasin.
“A proteção contra possíveis interrupções na cadeia de suprimento de petróleo por meio da exposição ao mercado de energia e o ganho do ouro, que pode ver uma aceleração de sua tendência estrutural de alta, são as melhores maneiras de proteger um portfólio contra uma nova escalada no Oriente Médio.”
Alguns investidores terminaram a semana passada optando por esperar para avaliar por quanto tempo as tensões durariam, lembrando-se de impasses semelhantes entre as duas nações que acabaram se dissipando.
Ainda assim, a extensão do conflito e a intensidade das hostilidades atuais provavelmente lançarão uma sombra sobre os ativos de risco na segunda-feira.
O MSCI World Index, índice mundial de ações de mercados desenvolvidos, já teve a maior queda desde abril na sexta-feira, após os primeiros ataques aéreos de Israel contra o Irã.
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“Essa é uma escalada significativa, a ponto de essas nações estarem em guerra”, disse Michael O’Rourke, estrategista-chefe de mercado da JonesTrading.
“As ramificações serão maiores e durarão mais tempo”, com provável fraqueza nos mercados acionários, especialmente após os ganhos recentes, disse ele.
Riscos que se acumulam
Na região, a maioria dos índices de ações do Oriente Médio caiu no domingo.
O principal índice do Egito foi o que teve o pior desempenho, com as maiores perdas em mais de um ano, devido à preocupação de que uma interrupção na produção de gás israelense causará escassez de combustível.
Na Arábia Saudita, as quedas do índice Tadawul foram limitadas pela Aramco, que ganhou com os preços mais altos do petróleo. O índice de referência de Israel terminou em alta, com a recuperação do fornecedor militar Elbit Systems.
Investidores avaliam os novos riscos geopolíticos em um momento em que também estão lidando com relações comerciais globais desestabilizadas, a perspectiva de novas tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, o conflito em andamento entre a Rússia e a Ucrânia e o aumento das tensões políticas nos EUA em meio a protestos populares e confrontos com a polícia e as forças militares.
“A menos que o petróleo permaneça elevado e aumente a inflação, é mais provável que isso seja uma pausa do que um pânico, já que outras narrativas estão conduzindo o mercado”, disse Dave Mazza, CEO da Roundhill Investments.
“Isso pode representar uma oportunidade de compra, mas, dado que os mercados se recuperaram acentuadamente das baixas recentes, será mais difícil obter ganhos a partir daqui.”
- Este artigo foi produzido com a ajuda da Bloomberg Automation.
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