Bloomberg Línea — A fraqueza global do dólar foi uma das grandes surpresas de 2025. Em comparação ao real, a moeda americana acumulava baixa de 9,65% no ano até 22 de dezembro, mesmo após uma recuperação no último mês do ano.
Os ingredientes que proporcionaram esse recuo anual foram mais externos que internos. A postura comercial e fiscal de Donald Trump foram gatilhos para um movimento global de busca por diversificação que enfraqueceu o dólar perante as principais moedas do mundo.
A moeda americana recua cerca de 9% no acumulado de 2025 considerando o índice DXY, que avalia o desempenho do dólar contra divisas de países desenvolvidos.
A grande dúvida para 2026 é se o enfraquecimento do dólar vai continuar como tese global.
Abaixo, as perspectivas de cinco agentes do mercado financeiro sobre a tendência da moeda para 2026:
Bank of America: dólar a R$ 5,25
Para 2026, o BofA espera um dólar de R$ 5,25 – queda de 6% frente ao patamar de fechamento da última segunda-feira (22), em R$ 5,58.
Seria ainda em uma tendência de desvalorização contra o real, mas de menor intensidade do que a observada neste ano.
“O cenário ainda é de dólar fraco, mas as convicções em parte diminuem porque já houve movimentação na moeda este ano”, disse David Beker, chefe de economia do Bank of America para o Brasil, a jornalistas para comentar as projeções para 2026.
“O que percebemos é que antes o posicionamento dos investidores era de short [aposta na queda] no dólar contra todo o resto. Agora, retira o short no dólar contra moedas desenvolvidas e mantém contra as emergentes.”
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Citi: dólar a R$ 5,49
Já o Citi considera provável que o dólar retorne à sua tendência natural de fortalecimento como moeda de reserva global a partir do segundo semestre de 2026.
Existem, no entanto, algumas exceções a esse movimento na América Latina – entre elas, o Brasil.
“No caso do Brasil, Chile, Colômbia e México, eles estão próximos de sua média histórica e vemos um bom espaço para as moedas continuarem seu bom desempenho e absorverem choques externos”, disse o economista-chefe do Citi para a América Latina, Ernesto Revilla, em apresentação a jornalistas das perspectivas do banco para 2026.
“No caso de o dólar reverter sua tendência, há espaço aqui para que não tenhamos muitas preocupações com a trajetória das moedas”, completou.
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Itaú Unibanco: dólar a R$ 5,50
A projeção oficial do Itaú Unibanco para o dólar ao final de 2026 é de R$ 5,50, ligeira baixa de 1,4% frente ao patamar atual.
Ainda assim, a área de estratégias de investimentos do banco projeta que o dólar entrou em 2025 em uma tendência de desvalorização – algo que não se via há pelo menos uma década nos mercados globais.
É um movimento de longo prazo, que pode durar de oito a nove anos nos cálculos de Gina Baccelli, estrategista sênior de investimentos do banco.
“A moeda americana ainda está em um nível extremamente valorizado. Acredito que ainda há espaço para desvalorização, mas não sabemos quando ela deve acontecer”, disse Baccelli a jornalistas ao comentar as expectativas para o próximo ano.
"Ex-post se vê claramente uma tendência, que no dia a dia é mais difícil de identificar", afirmou.
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