Bloomberg Línea — O Morgan Stanley atualizou sua visão sobre a renda fixa e as moedas da América Latina. Embora tenha adotado um tom “cautelosamente otimista” em relação à região, alertou para possíveis obstáculos no curto prazo.
Os analistas do banco afirmaram que continuam favorecendo as taxas de juros no Brasil, tanto nominais quanto reais, mas consideraram que os valuations no México “não parecem tão atrativos”. Nesse sentido, recomendaram evitar novas posições receptoras no México e no Chile.
“Na América Latina, acreditamos que os riscos para a narrativa de investimento regional no médio prazo podem estar enviesados para o lado positivo, na medida em que as próximas eleições no Chile, Colômbia e Brasil aumentem as chances de implementação de reformas convencionais, e que a renovação do T-MEC no México seja bem-sucedida”, destaca o banco em relatório.
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No curto prazo, os analistas acreditam que uma fraqueza adicional do dólar poderia beneficiar as moedas latino-americanas, embora tenham alertado que isso não seria suficiente para proteger completamente os ativos de eventuais episódios de volatilidade local.
O que pode acontecer com as moedas?
O Morgan Stanley projeta alguns episódios de fraqueza cambial idiossincrática até o fim do ano, seguidos de um desempenho melhor em 2026, em linha com a expectativa de enfraquecimento sustentado do dólar.
O peso chileno seria a exceção, graças a um cenário macroeconômico sólido e à possibilidade de uma agenda de políticas convencionais após as eleições de novembro, caso as pesquisas atuais se confirmem.
No caso do real brasileiro, o banco alerta que continuará sensível à volatilidade eleitoral, apesar de seu apelo em estratégias de carry trade.
Sobre o peso mexicano e o peso colombiano, o relatório aponta que um dólar mais fraco poderia reduzir a sensibilidade dessas moedas aos cortes de juros em andamento.
No entanto, o peso colombiano continua sendo a moeda menos preferida do banco na região, “devido a fundamentos fracos”.
Entre as apostas concretas, o Morgan Stanley recomenda uma posição comprada em real contra peso colombiano antes da apresentação do Marco Fiscal de Médio Prazo (MTFF) da Colômbia, prevista para 13 de junho.
Também sugere uma posição vendida em USD/CLP, ou seja, vender dólares e comprar pesos chilenos, apostando na valorização da moeda chilena.
Taxas no Brasil
O Brasil segue como o foco das estratégias preferidas do Morgan Stanley em juros locais. O banco mantém posições receptoras nos contratos DI janeiro de 2029 e compras de NTN-Bs 2028 (títulos atrelados à inflação).
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Ressalta que, historicamente, o Banco Central tem sido mais ágil do que seus pares da região para ajustar a política monetária, com ciclos de alta e baixa separados por intervalos médios de seis a sete meses.
Enquanto não houver uma recessão global, o banco vê como improvável que o mercado projete uma taxa terminal de 10% ou menos, devido ao prêmio de risco local.
No entanto, ainda vê espaço para incorporar cortes adicionais de 100 a 200 pontos-base nos preços, dado o nível elevado da curva atual, que reflete uma taxa terminal entre 11% e 12%.
Posição em relação ao México
A incerteza comercial, especialmente o risco de novos tarifários, continua prejudicando as perspectivas de crescimento do México.
O Morgan Stanley projeta um ano praticamente sem expansão econômica, a menos que os EUA entrem em recessão, o que poderia motivar estímulos. De qualquer forma, a recuperação só deve vir em 2026.
Essa incerteza também tem feito com que o comportamento do peso mexicano se desvincule dos fatores locais.
Segundo o relatório, sua evolução está cada vez mais atrelada ao apetite global por risco, medido em parte pelo desempenho do S&P 500, que desde o chamado “Dia da Libertação” explica cerca de 50% dos movimentos das moedas da região.
Nesse contexto, o banco considera que já não é recomendável manter posições receptoras no México nem no Chile, e reafirma sua preferência por apostas em juros no Brasil.