Bloomberg — A Moody’s Ratings está pronta para adotar um novo sistema de classificação de stablecoins que poderá redefinir a forma como investidores avaliam um mercado hoje estimado em US$ 300 bilhões.
A empresa de classificação de risco de crédito de 116 anos de história propôs uma metodologia para atribuir classificações de depósito a stablecoins com base na qualidade dos ativos de reserva de cada token, no risco de valor de mercado e nas salvaguardas operacionais.
A Moody’s publicou a proposta na última sexta-feira (12) e planeja adotá-la após considerar os comentários públicos, que podem ser enviados até 29 de janeiro de 2026.
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A proposta surge em um momento em que as stablecoins têm sido adotadas de forma crescente e governos lançam novos regimes regulatórios em todo o mundo.
Em julho, os Estados Unidos aprovaram a Lei Genius, que regulamenta as stablecoins. Essas criptomoedas são vistas como uma fonte essencial de liquidez no mercado de ativos digitais, pois são projetadas para manter um valor consistente, geralmente atrelado ao dólar americano.
“As stablecoins são cada vez mais relevantes para bancos, tesourarias corporativas e sistemas de pagamento”, disse a Moody’s em um comunicado.
Seu objetivo é oferecer uma avaliação independente de um mercado que “ainda está em evolução e, muitas vezes, é opaco”, acrescentou a agência.
Robert Franklin III, sócio-gerente da RFS Consulting, chamou a metodologia atual de uma “solução de trabalho” que precisará evoluir.
“A liquidez na cadeia é muito, muito importante”, disse ele, acrescentando que a liquidez de blockchain se torna mais importante em condições de estresse. “É isso que é necessário avaliar com o framework.”
De acordo com a metodologia proposta, a Moody’s avaliaria a qualidade de crédito de cada ativo no pool de reservas de uma stablecoin para calcular uma média ponderada.
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A agência também analisaria o valor de mercado dos ativos.
Em seguida, a Moody’s tomaria o menor valor entre a análise da qualidade de crédito para o valor do pool e a análise do valor de mercado, faria os ajustes necessários e atribuiria uma classificação.
Em geral, as stablecoins são garantidas por uma combinação de caixa e equivalentes de caixa, como títulos do Tesouro de curto prazo, e os emissores publicam rotineiramente relatórios sobre suas reservas.
Nem todos os emissores, no entanto, foram submetidos a auditorias completas, o que se tornou uma fonte de controvérsia no setor. Isso inclui o Tether, o emissor do USDT, a stablecoin mais utilizada do mundo.
Assim como acontece com as classificações de risco de crédito, os emissores de stablecoin devem solicitar e pagar pela avaliação.
A Moody’s não disse se classificaria a Tether, mas a proposta inclui considerar se “terceiros desinteressados” revisaram os dados dos emissores como parte da avaliação.
As classificações de stablecoin seriam limitadas pelo “elo mais fraco”, o ativo com classificação mais baixa entre as reservas do token, de acordo com a proposta.
A Moody’s planeja aplicar uma taxa de adiantamento - efetivamente, um haircut [desconto] - com base em medidas de risco, incluindo a liquidez.
A proposta identifica cinco categorias de ativos líquidos, com depósitos em dinheiro e títulos do governo central na mesma moeda como garantia de classificações mais altas.
Outras considerações incluem a governança da stablecoin, o contexto regulatório e possíveis cenários de estresse.
As carteiras com ativos líquidos de alta qualidade podem se qualificar para uma classificação de depósito de curto prazo P-1, disse a empresa.
A proposta também avaliaria os riscos tecnológicos, como vulnerabilidades de segurança do blockchain ou bifurcações que possam complicar a validação de transações.
A Moody’s excluiu as stablecoins algorítmicas, que usam métodos automatizados de controle de oferta em vez de garantias para manter seu valor. No passado, esses tokens eram mais propensos a se desvalorizar de seus ativos-alvo.
A Moody’s enfatizou que a nova classificação não deve ser usada para avaliar a estabilidade da stablecoin ou o desempenho como investimento, já que ela se destina apenas a refletir a probabilidade de uma stablecoin ser resgatada em tempo hábil.
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