Momento de virada para escritórios? Setor tem melhor trimestre desde 2020

Em grandes centros como Nova York e São Francisco, sinais de volta da demanda reavivam as expectativas de proprietários de edifícios comerciais, abalados pela pandemia

Prédios de escritórios começam a apresentar sinais de melhoria na demanda em grandes cidades dos EUA, como Nova York e São Francisco
Por Norah Mulinda
06 de Outubro, 2023 | 07:07 PM

Bloomberg — O setor que é o maior perdedor do mercado imobiliário neste ano está virando o jogo quando se trata de desempenho, ainda que permaneça em terreno instável. Os proprietários de escritórios tiveram seu primeiro desempenho trimestral superior ao Índice S&P 500 desde 2020. O grupo caiu “apenas” 2,8% no terceiro trimestre, em comparação com a queda trimestral de quase 3,7% do S&P 500.

Isso representa uma melhora drástica em relação às baixas que o grupo registrou desde o início da pandemia, mas o setor continua vulnerável ao ambiente de taxas de juros elevadas. No mês passado, houve um aumento surpreendente nas contratações nos Estados Unidos, segundo o payroll, o que levantou preocupações de que o Federal Reserve elevará as taxas novamente antes do final do ano.

O sólido relatório de empregos fez as ações de empresas do setor imobiliário despencarem, tornando-o um dos setores de pior desempenho no S&P 500. Os REITs (equivalentes dos fundos imobiliários) de escritórios atingiram seu nível intradiário mais baixo desde 2009 na sexta-feira (6).

Desempenho de fundos imobiliários (REIT) de escritórios superam o S&P 500 pela primeira vez desde 2020dfd

Apesar do último golpe, o grupo que abrange escritórios como ativos encerrou seu melhor trimestre desde o início da pandemia em comparação com seus pares, caindo 1,5% no terceiro trimestre, de acordo com dados da Evercore ISI. Apenas data centers chegaram perto dos proprietários de escritórios, com queda de 2,5%.

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Os proprietários de escritórios receberam um impulso durante o terceiro trimestre, depois que a SL Green Realty Corp. vendeu sua participação de 49,9% no 245 Park Avenue no final de junho, desencadeando um amplo rali de alívio em todo o grupo de pares, de acordo com o analista da Bloomberg Intelligence Jeffery Langbaum.

“Aquilo pode ser apenas um dado, mas mostrou que pelo menos um investidor estava disposto a injetar capital próprio incremental em um edifício de escritórios e absorver uma grande quantidade de dívida lastreada em escritórios”, disse ele.

Essa transação proporcionou um vento a favor mesmo para os proprietários de escritórios mais castigados este ano.

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A Hudson Pacific Properties, sediada em Los Angeles, que caiu 40% no acumulado do ano, subiu 58% durante o terceiro trimestre, tornando-se o maior ganhador do período. Da mesma forma, dois proprietários de escritórios com sede em Nova York, a Vornado Realty Trust e a SL Green, avançaram 25% e 24%, respectivamente.

Mesmo em São Francisco, onde os proprietários de escritórios viram taxas de vacância desproporcionalmente altas desde o início da Covid-19, há sinais de alívio. O número de inquilinos no mercado subiu para 180 em relação a 137 no início do ano, com os requisitos de espaço quase dobrando, escreveu o analista da Evercore ISI Steve Sakwa em uma nota. No entanto ele deu o alerta de que grande parte da demanda incremental vem de inquilinos com vencimentos futuros de locação.

“Os proprietários e os compradores de imóveis comerciais têm que estar dispostos a jogar o jogo de longo prazo”, disse Mary Daly, presidente do Federal Reserve Bank de San Francisco, no Economic Club de Nova York na quinta-feira (5). “Você tem que ter uma forte constituição para estar no mercado imobiliário comercial porque ele passa por ciclos.”

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