Mercados da Ásia apontam para abertura morna depois de perdas em Wall Street

Investidores avaliam se o rali das ações nos EUA pode perder força; na China, divulgação de balanços é um novo teste para os mercados

Xangai, na China
Por Rob Verdonck - Rita Nazareth
26 de Março, 2024 | 08:47 PM

Bloomberg — As ações na Ásia apontavam para uma abertura morna após os índices dos Estados Unidos eliminarem os ganhos na última meia hora de negociação, com investidores reequilibrando suas carteiras após um rali que já ultrapassou US$ 4 trilhões este ano.

O índice de referência da Austrália abriu pouco alterado na quarta-feira (27), enquanto os futuros apontaram para uma queda em Hong Kong e um leve ganho para Tóquio. O S&P 500 caiu pelo terceiro dia, após um frenesi de compras que levou a uma alta de quase 10% neste trimestre.

O índice de referência de ações dos EUA caminha para registrar cinco meses seguidos de ganhos. Agora, os investidores avaliam se o rali terá mais dificuldade para avançar, já que os valuations das ações permanecem elevados em relação à média histórica.

“Ainda esperamos ver recuos normais pelo caminho”, disse Keith Lerner, da Truist Advisory Services. “No entanto, até que o peso das evidências mude, sugerimos que os investidores sigam a tendência principal do mercado, que é de alta, e considerem recuos como oportunidades.”

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Na sessão de terça-feira (26), o S&P 500 ficou perto de 5.200 pontos, com a Nvidia (NVDA) interrompendo um rali de seis dias. A United Parcel Service despencou mais de 8% conforme os investidores viram seu alvo de vendas de longo prazo como difícil de alcançar, enquanto a startup Trump Media & Technology Group, do ex-presidente Donald Trump, subiu em sua primeira sessão como empresa de capital aberto.

Na Ásia, o Nikkei 225 do Japão é um dos poucos índices de ações capazes de acompanhar o ritmo do rali nos EUA - avançando mais de 20% este ano e a caminho de um de seus melhores trimestres. Hong Kong não conseguiu se recuperar totalmente após o mergulho no início do ano e apontava para uma leve queda, enquanto Sydney indicava registrar um ganho modesto.

Os avanços recentes nos mercados de ações da China podem ser testados à medida que as principais instituições financeiras divulgam balanços, começando com o Industrial & Commercial Bank of China (ICBC) na quarta-feira.

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Os títulos do Tesouro dos EUA se recuperaram das mínimas da sessão de terça-feira após uma venda de US$ 67 bilhões em notas de cinco anos. Commodities energéticas e metais na maioria declinaram, embora o ouro tenha subido ligeiramente, enquanto o cacau ultrapassou US$ 10.000 por tonelada pela primeira vez. O dólar permaneceu pouco alterado.

Enquanto os traders se preparavam para a divulgação do indicador de inflação preferido pelo Fed na sexta-feira - quando os mercados estarão fechados - eles analisaram as últimas leituras econômicas. A confiança do consumidor dos EUA se manteve estável, os pedidos de bens duráveis aumentaram, enquanto o crescimento dos preços das casas acelerou no ritmo mais rápido desde 2022.

Para que as ações justifiquem seus ganhos nos últimos meses, os bancos centrais globais devem facilitar a política monetária este ano e as empresas devem entregar um crescimento saudável dos lucros, de acordo com Marko Kolanovic, do JPMorgan Chase.

“As ações subiram no primeiro trimestre em antecipação aos primeiros cortes de taxa”, disse Anthony Saglimbene, da Ameriprise. “Provavelmente já entramos em um período em que o Federal Reserve é agora menos propenso a surpreender o mercado daqui para frente.”

Em geral, é provável que os preços continuem subindo até o final de março, dado que não há evidências de deterioração técnica, segundo Mark Newton, da Fundstrat Global Advisors.

“Continuo a ver o mercado de ações dos EUA como sendo atrativo, tecnicamente falando, e não sinto que haja risco suficiente para justificar uma venda neste momento”, disse Newton.

Um rali no S&P 500 para 5.350-5.400 pontos é possível até meados de abril - antes de uma consolidação começar, disse ele.

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