Legacy Capital perde com juros em mês ‘atípico’ e ajusta portfólio

Gestora, que tem cerca de R$ 27 bi sob gestão, havia montado posição combinando a compra de dólar com uma aposta na queda das taxas de juros futuros

Vista aérea da região da Berrini e da marginal Pinheiros, na cidade de São Paulo (Foto: Paulo Fridman/Bloomberg)
Por Vinícius Andrade
06 de Novembro, 2023 | 02:34 PM

Bloomberg — A Legacy Capital fez ajustes em seu portfólio após registrar perdas com posições no mercado de juros em outubro, mês considerado “atípico” pela gestora de recursos, que destacou “comportamentos pouco usuais” nos preços dos ativos brasileiros.

A Legacy, que tem cerca de R$ 27 bilhões em ativos sob gestão, havia montado uma posição combinando a compra de dólar com uma aposta na queda das taxas de juros futuros.

Um cenário de “alguma deterioração” no ambiente fiscal brasileiro, aumento de prêmio de risco global e queda na inflação projetada por analistas e na inflação implícita dos títulos públicos localmente deveria levar a um real mais fraco e à queda dos juros futuros curtos, eventos que não se verificaram, disse a Legacy, em carta enviada aos cotistas referente ao desempenho do mês passado.

Em outubro, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2025 subiram 25 pontos-base, enquanto a moeda brasileira permaneceu praticamente estável.

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“Realizamos ajustes em nossos portfólios para enfrentar as presentes adversidades”, disse o fundo sem especificar as mudanças. “Apesar das surpresas do mês passado, mantemos a convicção de que, a longo prazo, as correlações observadas deverão retornar ao padrão histórico.”

A Legacy possui posições aplicadas (à espera da queda das taxas) em juros nominais e reais no Brasil “considerando o preço atrativo e a qualidade da inflação”. Também manteve a posição liquidamente comprada (aposta na alta) em bolsa local, tendo em vista o preço favorável.

De acordo com a gestora, a discussão a respeito da flexibilização da meta fiscal para 2024 foi antecipada, mas deve provocar “pouca deterioração das expectativas de déficit, uma vez que os agentes já não projetavam execução fiscal em linha com a meta”.

Ainda segundo a carta, “acreditamos que a taxa terminal poderá chegar a um patamar próximo a 9%, neste ciclo”.

O principal fundo da Legacy recuou 2,24% no mês passado após taxas, penalizado principalmente pelo livro de valor relativo. O fundo subiu 28% nos últimos 24 meses até 1º de novembro.

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