Kinea eleva aposta em bolsa com balanços trimestrais e fim de aperto monetário à vista

Fundo reduziu o caixa e aumentou a posição em ações nos fundos de renda variável e multimercado diante de uma das temporadas de balanços ‘mais fortes dos últimos anos’, disse Rafael Oliveira à Bloomberg News

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Bloomberg — A Kinea Investimentos reduziu o caixa e aumentou a posição em ações nos fundos de renda variável e multimercado diante de uma das temporadas de balanços “mais fortes dos últimos anos”, diz Rafael Oliveira, gestor de renda variável do fundo, em entrevista à Bloomberg News.

A percepção de que o ciclo de aperto da taxa Selic está no fim também deve trazer impulso às ações, alçando o Ibovespa a novas máximas históricas, segundo Oliveira.

O principal índice acionário da bolsa brasileira renovou nesta semana patamar recorde, acima dos 138.000 pontos. Para o gestor da Kinea, uma rotação de investidores para fora de ativos dos Estados Unidos com as incertezas sobre os efeitos das políticas de Donald Trump redirecionou o fluxo estrangeiro para mercados emergentes, entre os quais o Brasil se destaca por fatores geopolíticos, o que também dá suporte ao índice local.

Até o momento, um fluxo estrangeiro de mais de R$ 18 bilhões entrou na bolsa brasileira no acumulado do ano até 13 de maio, ante uma saída de R$ 32 bilhões no ano passado todo.

Segundo ele, a gestora, que é associada ao Itaú e tem cerca de R$ 140 bilhões sob gestão, está “bem alocada em bolsa”. Os fundos de ações estão “super comprados” — ou seja, com posições que se beneficiam da valorização dos papéis — sem caixa.

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A estratégia multimercado também voltou a adicionar apostas na renda variável doméstica em seus fundos, ainda com espaço para aumentar as posições, afirma.

Embora reconheça que estrangeiros e muitos dos fundos locais já tenham começado a tentar antecipar o resultado das eleições de 2026 e as chances de um novo governo de direita, Oliveira afirma que a Kinea prefere se manter “cética”.

“Estamos muito mais no ‘trade’ de melhora no operacional das empresas. Isso significa que não pulamos em nomes que se beneficiariam de guinada à direita, como privatizações”, diz.

Apostas

A gestora gosta de nomes de empresas ligadas ao ciclo da economia doméstica que entregaram bons resultados, como Lojas Renner e C&A. Também estão no portfólio ações de utilities e grandes bancos, como Itaú, além da XP, acrescenta.

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Para ele, os bons resultados recentes das empresas apesar da taxa de juros alta deixaram o investidor nacional mais confortável para voltar a tomar risco, ainda que os fundos sigam sem novas captações, no geral. “Essa temporada muito forte está dando um pouco mais de conforto para locais alocarem.”

Ele também vê espaço para uma ampliação da precificação de corte na curva de juros futura em pelo menos mais 0,75 ponto percentual. “Tanto no micro, quanto no macro há suportes fortes para manter a bolsa subindo”, afirma.

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