Bloomberg — Os investidores estrangeiros venderam R$ 7,9 bilhões em ações brasileiras em janeiro, na primeira saída para o mês desde 2020.
O fluxo negativo, que vem na sequência de dois meses de fortes entradas, é motivado pelos receios com a política monetária do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, e a crise na China, segundo analistas.
“Vemos esse movimento relacionado ao macro global, com os períodos de saída de fluxo coincidindo com um sentimento mais negativo globalmente”, diz a estrategista de ações da XP (XP), Jennie Li, em entrevista à Bloomberg News.
O fluxo negativo explica a queda de 4,8% do Ibovespa (IBOV) em janeiro, um dos piores desempenhos entre as bolsas globais. Foi uma quebra do movimento de entrada de R$ 38,5 bilhões em novembro e dezembro, quando índice subiu quase 20%.
Nos Estados Unidos, a aposta de que o Fed poderia começar a cortar os juros em março perdeu força ao longo de janeiro — até que o próprio Jerome Powell afirmou que se trata de algo improvável, em coletiva da decisão do Fomc nesta semana.
Além disso, o mergulho das bolsas chinesas pelos problemas na incorporadora Evergrande e a dados econômicos mais fracos espantaram investidores dos mercados emergentes.
“O investidor estrangeiro aplica em emergentes via índice e, quando vende China, vende Brasil e México junto. Até por isso descolamos tanto do S&P”, diz Patrick Pereira, gestor da Legacy Capital.
O ETF de ações emergentes caiu 4,5% no mês passado, enquanto o S&P 500 subiu 1,6% e bateu a máxima histórica.
A saída dos estrangeiros, contudo, não é vista como estrutural por analistas. O interesse por Brasil segue saudável, já que os investidores se afastam da China e a Selic está em queda, o que alimenta um “ciclo positivo doméstico”, diz o JPMorgan (JPM), em relatório.
“O estrangeiro precisa ter cenário favorável para colocar dinheiro no Brasil e hoje isso depende do Fed”, afirma Emy Shayo, estrategista de ações para Brasil e América Latina do JPMorgan, em entrevista. “É uma questão de tempo, a gente sabe que o Fed vai cortar o juro, seja em março, junho ou julho.”
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