Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 0,47%, aos 133.123 pontos, em contraste com o avanço dos mercados internacionais. Em Nova York, o S&P 500 atingiu o nível recorde e o Nasdaq subiu mais de 2%.
No Brasil, investidores reagiram ao tom mais duro do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, na decisão que elevou a Selic em 25 pontos base, a 10,75% ao ano.
Analistas avaliam que os diretores do BC deixaram em aberto a possibilidade de fazer aumentos em ritmos maiores e subir a taxa de juros para um nível mais elevado.
Economistas da equipe de análises do Bank of America, liderados por David Beker, estimam que o Copom deve fazer dois aumentos de 50 pontos base nas reuniões de novembro e dezembro e, depois, mais um aumento final de 25 pontos base.
“Depois disso, as taxas devem permanecer inalteradas por quatro reuniões consecutivas, com cortes começando em setembro de 2025″, afirmaram em relatório a clientes.
Com o aperto monetário no Brasil e o alívio nos EUA, o aumento do diferencial de juros favoreceu a valorização do real. O dólar (USDBRL) fechou cotado a R$ 5,43, com queda de 0,65%.
As ações de bancos e do setor financeiro recuaram e puxaram o Ibovespa para baixo. O Itaú Unibanco (ITUB4) recuou 0,27% e a B3 (B3SA3) cedeu 1,07%, sendo as principais contribuições negativa em volume. Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander Brasil (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11) também recuaram.
Papéis de setores sensíveis aos juros também recuaram, com destaque para empresas de varejo, construção, logística e construção.
Destaque ainda para a Brava (BRAV3), que recuou 9,40% e liderou entre as maiores baixas. A empresa, formada após a combinação da 3R Petroleum e da Enauta, informou nesta quinta que prorrogou o período de parada do campo de Papa Terra para dezembro para manutenção.
A Petrobras (PETR3; PETR4) e a Vale (VALE3) fecharam em alta, ajudando a compensar parte das perdas do Ibovespa. A Prio (PRIO3) também avançou e ficou entre as principais contribuições positivas.
Estados Unidos
Em Nova York, a visão de que o Federal Reserve será capaz de promover um pouso suave da economia impulsionaram uma alta dos ativos de risco, com as ações atingindo máximas históricas.
O S&P 500 subiu 1,7% — marcando seu 39º recorde em 2024 e ampliando o avanço deste ano para cerca de 20%.
As ações de tecnologia lideraram os ganhos, enquanto setores defensivos tiveram um desempenho inferior. O Nasdaq 100 subiu 2,6% e o Russell 2000, de empresas de menor porte, subiu 2,1%.
A decisão do Fed em cortar as taxas de juros em 50 pontos base e sua determinação em não ficar para trás em relação ao desaquecimento da economia reacenderam as esperanças de que o banco central será capaz de evitar uma recessão.
Dados divulgados na quinta-feira mostrando uma queda nos pedidos de seguro-desemprego para o nível mais baixo desde maio indicaram que o mercado de trabalho permanece saudável, apesar da desaceleração nas contratações.
Os títulos do Tesouro tiveram um desempenho misto, com vencimentos mais curtos superando os mais longos. O rendimento dos títulos de 10 anos subiu dois pontos base, para 3,72%.
- Com informações da Bloomberg News