Ibovespa cai puxado por Vale e Ambev; em NY, índices sobem apesar de payroll

Ações da mineradora e da fabricante de bebidas recuaram e puxaram o índice para baixo; nos EUA, investidores focaram no copo meio cheio do mercado de trabalho aquecido

After Hours
05 de Abril, 2024 | 06:07 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 0,50% nesta sexta-feira (5), aos 126.795 pontos, em um pregão marcado pela divulgação de dados de emprego nos EUA e pelo segundo dia de especulações sobre uma eventual troca de comando na Petrobras (PETR3; PETR4). O dólar (USDBRL) subia 0,24% e era negociado a R$ 5,07 no fechamento.

O resultado do dia foi afetado principalmente pelo recuo das ações da Vale (VALE3), que caíram com a fraqueza do minério de ferro no mercado internacional, e também pelos papéis da Ambev (ABEV3).

A fabricante de bebidas fechou com perdas depois de analistas anteciparem um desempenho mais fraco no primeiro trimestre em razão do menor crescimento de vendas de cerveja no Brasil em volume.

O Itaú Unibanco (ITUB4) também caiu, contribuindo para o desempenho negativo do índice no dia.

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A Petrobras esteve no foco com as especulações pelo segundo dia seguido em torno de uma possível saída de Jean-Paul Prates do comando da empresa.

Os papéis da empresa oscilaram durante o dia e fecharam sem direção única. Enquanto as ações preferenciais subiram 0,58% com uma possível decisão do conselho sobre a distribuição de dividendos extraordinários, as ordinárias recuaram 0,20%.

Ainda no âmbito corporativo, o Itaú BBA elevou para outperform (recomendação acima da média do mercado, equivalente a compra) as ações da B3 (B3SA3). “Este parece ser um daqueles momentos extremos de baixa que eventualmente prova ser um ponto de entrada”, escrevem os analistas liderados por Pedro Leduc, em relatório.

A revisão para cima dos papéis da bolsa brasileira acontece um dia depois de o Santander (SANB11) também ter elevado a recomendação da B3 para compra. Os papéis fecharam esta sexta em alta.

Payroll

Os investidores também reagiram nesta sexta à divulgação do relatório de empregos dos EUA, que mostrou a criação de 303.000 vagas em fevereiro. O resultado, que ficou acima dos 231.000 postos registrados no mesmo mês do ano passado, veio maior que as previsões de economistas consultados pela Bloomberg, que estimavam a criação de 214.000 postos.

Os dados sinalizam que, apesar dos juros altos, o mercado de trabalho segue resiliente. Apesar de o resultado indicar que o Federal Reserve (Fed) não deve ter pressa para iniciar o ciclo de cortes de juros, os investidores preferiram olhar o copo meio cheio, com a expectativa de maior resiliência dos lucros das empresas.

Na medida em que os gastos do consumidor e os lucros corporativos são mais importantes para os investidores do que o quão breve - e quantas vezes - o Fed vai reduzir as taxas, então as ações podem subir, de acordo com Chris Zaccarelli, da Independent Advisor Alliance.

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“O número de cortes de taxas e se começarão em junho ou julho não é tão importante quanto se o Fed está em modo de corte de taxas ou não”, observou. “Para dizer de outra forma, 4 ou 3 ou 2 cortes de taxas em 2024 são igualmente bons para o mercado de ações. Mas se fôssemos para zero cortes de taxas ou um aumento de taxa, então todas as apostas estariam canceladas e isso seria categoricamente ruim.”

O relatório de empregos indica que a economia continua resiliente mesmo diante das expectativas em declínio de cortes do Fed, diz Glen Smith da GDS Wealth Management. “O fato de o mercado de trabalho estar tão forte mostra que as empresas e a economia estão se adaptando a taxas de juros altas”, observou.

O efeito maior foi no mercado de juros. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos subiram nove pontos-base para 4,40%.

Contratos futuros reduziram a probabilidade de corte de taxa em junho para cerca de 52%. Para julho, a probabilidade caiu abaixo de 100%, e para todo o ano de 2024, os traders precificaram cerca de 65 pontos-base de cortes de taxa, menos do que a previsão mediana de 75 pontos-base dos funcionários do Fed no mês passado.

A presidente da regional de Dallas do Federal Reserve, Lorie Logan, afirmou que é muito cedo para considerar cortes nas taxas, citando leituras recentes de alta inflação e sinais de que os juros podem não estar segurando a economia tanto quanto se pensava anteriormente.

A diretora do Fed Michelle Bowman também expressou preocupação com os possíveis riscos para a inflação, reiterando que ainda não é hora de reduzir as taxas.

- Com informações da Bloomberg News.