Futuros sinalizam abertura em queda em Wall Street após tarifas contra UE e México

Trump anunciou tarifas de 30% de produtos contra UE e México no fim de semana; os contratos do S&P 500 recuaram 0,4% nas negociações iniciais na Ásia

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Bloomberg — Os futuros de ações dos EUA apontam para queda nesta segunda-feira, após o presidente Donald Trump ter anunciado, no fim de semana, uma tarifa de 30% sobre produtos da União Europeia e do México a partir de 1º de agosto.

Os contratos do S&P 500 recuaram 0,4% nas negociações iniciais na Ásia. O dólar e o iene japonês subiram frente aos principais pares, enquanto os dólares australiano e neozelandês recuaram.

As novas ameaças tarifárias de Trump colocam à prova a resiliência do mercado após o líder dos EUA intensificar as medidas comerciais contra países que vão do Canadá ao Brasil e à Argélia na semana passada.

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Apesar dos alertas sobre complacência, os investidores até agora têm agido como se esperassem que o presidente recue, baseando-se em reviravoltas anteriores do governo.

“Os investidores não devem contar com Trump apenas blefando com a ameaça da tarifa de 30% sobre produtos da UE”, escreveu Brian Jacobsen, economista-chefe da Annex Wealth Management, em um e-mail.

“Esse nível de tarifa é punitivo, mas provavelmente prejudica mais eles do que os EUA, então o tempo está correndo.”

Os mercados financeiros vêm lutando para precificar a campanha tarifária intermitente iniciada por Trump até agora em seu segundo mandato.

Embora os mercados tenham reagido aos anúncios do “Dia da Libertação”, em 2 de abril, com a venda de ativos de risco — inclusive títulos do Tesouro americano — esses movimentos foram quase todos revertidos à medida que o presidente adiou muitas das tarifas que havia ameaçado impor.

A UE tentava concluir um acordo provisório com os EUA para evitar tarifas mais altas, mas a carta de Trump minou o otimismo recente em Bruxelas.

No entanto, o presidente americano deixou uma porta aberta para ajustes adicionais. Segundo pessoas familiarizadas com o assunto, a UE agora se prepara para intensificar o diálogo com outros países afetados pelas tarifas de Trump.

“Por que algum país firmaria um acordo comercial com os EUA depois de ver como México e Canadá foram tratados poucos anos após assinarem o USMCA?”, escreveu Win Thin, chefe global de estratégia de mercados da Brown Brothers Harriman, em uma nota a clientes.

“Em algum momento, os mercados vão reagir ao que vemos como uma erosão contínua da credibilidade da política dos EUA.”

Traders se posicionam

Em outra frente, as críticas de Trump e seus aliados à condução da reforma cara da sede do Fed por Jerome Powell — com integrantes da administração construindo um argumento para removê-lo do Conselho de Governadores — também podem pesar sobre os mercados no início da semana.

George Saravelos, estrategista do Deutsche Bank, afirmou que a possível destituição de Powell representa um risco relevante e subestimado, que pode desencadear uma liquidação do dólar e dos Treasuries.

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“Se Trump forçar a saída de Powell, as 24 horas seguintes provavelmente veriam uma queda de pelo menos 3% a 4% no dólar ponderado pelo comércio, além de uma liquidação de 30 a 40 pontos-base na renda fixa”, disse Saravelos.

Atenções na Ásia se voltam para dados da China

Na Ásia, o foco logo se voltará para os dados comerciais da China, que devem ajudar a medir o impacto das tarifas dos EUA e o potencial de antecipação de embarques.

O relatório do PIB chinês também será divulgado nesta semana, juntamente com uma série de dados importantes, incluindo os índices de inflação na Europa e nos Estados Unidos.

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