Falta de clareza em decisão da Opep+ derruba petróleo, apesar de promessa de cortes

Grupo anunciou cerca de 900.000 barris por dia de novos cortes a partir de janeiro, mas as restrições são voluntárias, e Angola já rejeitou sua cota

Plataforma de petróleo nos Estados Unidos
Por Yongchang Chin
01 de Dezembro, 2023 | 11:27 AM

Bloomberg — O petróleo estendeu sua queda depois que a Opep+ prometeu mais cortes na produção da commodity, mas não detalhou como estes serão feitos.

O barril de Brent para fevereiro era negociado abaixo de US$ 81 nesta sexta-feira (1º), após cair 2,4% na quinta (30). O grupo anunciou cerca de 900.000 barris por dia de novos cortes a partir de janeiro, mas as restrições são voluntárias, e Angola já rejeitou sua cota.

A Arábia Saudita, por outro lado, disse que prolongará sua redução voluntária de 1 milhão de barris por dia durante o primeiro trimestre.

O petróleo inicialmente subiu na quinta-feira depois que a Opep+ chegou a um acordo preliminar sobre as reduções, mas o otimismo se foi rapidamente com a falta de clareza. A ausência de uma coletiva de imprensa e comunicado conjunto após a reunião, como é de costume, deixou o mercado intrigado.

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O resultado da reunião da Opep+ foi uma “confusão”, dissa Vandana Hari, fundadora da Vanda Insights, em entrevista à Bloomberg TV. “Todos estes cortes são voluntários, e essa é uma das razões para a decepção”, disse ela, acrescentando que ainda não se sabe se os 900.000 barris por dia de restrições adicionais serão cumpridos durante o primeiro trimestre.

O petróleo teve seu segundo mês de queda em meio a sinais de aumento da oferta de fora da Opep+ e perspectiva incerta para a demanda. Os Estados Unidos, maior produtor mundial, produziu 13,2 milhões de barris por dia em setembro, segundo dados divulgados na quinta-feira.

  Restrições voluntárias na produção não agradaram investidores

Enquanto isso, o Brasil – que também contribuiu para o aumento da oferta global – disse que irá aderir à carta de cooperação da Opep+ em 2024, mas não participará em quaisquer cortes de produção.

A incapacidade da Arábia Saudita de assegurar um acordo firme não é um bom sinal para a unidade do grupo e para a sua capacidade de equilibrar o mercado, disse Jorge Leon, vice-presidente sênior de pesquisa do mercado de petróleo da Rystad Energy.

É provável que haja um déficit de oferta de cerca de 400.000 barris por dia no primeiro semestre com os cortes, e o Brent deverá ser negociado entre US$ 80 e US$ 85 por barril nos próximos meses, disse ele.

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