Expectativas com inflação, balanços e geopolítica: os eventos que movem os mercados

A semana conta com um dado crucial para vislumbrar o caminho dos juros nos EUA, a inflação ao consumidor, e dá a largada a uma nova temporada de balanços

Estes são os eventos que orientam os investidores e movem os mercados hoje
08 de Janeiro, 2024 | 06:21 AM

Barcelona, Espanha — Os mercados buscam um rumo depois que as ações globais e os títulos do Tesouro dos EUA tiveram a maior queda desde outubro, na semana passada, sob especulações de que o Federal Reserve (Fed) não tinha pressa em reduzir as taxas de juros.

Os negócios também sentem o impacto das preocupações de uma regulamentação muito rígida para o setor de jogos na China e temores de que os esforços do governo chinês para impulsionar a economia sejam insuficientes.

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⚖️ Ajuste de expectativas. Na semana passada, as ações globais tiveram a maior queda desde outubro, já que os mercados foram afectados por uma série de emissões corporativas e o Federal Reserve indicou que não tem pressa em cortar os juros. Até agora, seguem as apostas de cortes nas taxas até março. Mas uma peça-chave para vislumbrar a política do Fed, a inflação ao consumidor dos EUA, sai na quinta-feira. Espera-se que estes dados mostrem que o núcleo diminuiu ainda mais, para 3,8% em dezembro, contra 4% no mês anterior, segundo pesquisa da Bloomberg. Também começa no final da semana a temporada de balanços.

🛬 Boeing em terra. Os investidores acompanharão as ações da Boeing, que caíam nada menos que 8% antes da abertura das bolsas. A paralisação dos 737 Max 9 da fabricante ganhou ritmo rapidamente, com transportadoras dos EUA, Panamá e Turquia retirando o modelo de serviço para inspeções depois que uma seção da fuselagem de um jato novo da Alaska Airlines explodiu durante o voo.

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Depois que a Alaska Air manteve em terra sua frota de 65 aviões 737 Max 9 após o incidente de 5 de janeiro, a United Airlines, a principal operadora do modelo, seguiu o exemplo com alguns jatos. Em seguida, a Administração Federal de Aviação ordenou a paralisação temporária de 171 aviões, acelerando a resposta de outras companhias aéreas. A Aeromexico retirou de serviço todos os seus Max 9s, e a Copa Airlines, do Panamá, fez o mesmo com a maioria de seus jatos.

🛢️ Tensões e expectativas. O petróleo declina depois que a Arábia Saudita cortou os preços oficiais de venda para todas as regiões, ressaltando uma piora nas perspectivas globais e superando a preocupação com as tensões no Mar Vermelho e interrupções no fornecimento na Líbia. A produtora estatal Saudi Aramco reduziu sua principal referência de preços para a Ásia em US$ 2 por barril, mais do que o esperado, devido à fraqueza persistente no mercado global de petróleo bruto.

👁️ Geopolítica em foco. O principal diplomata dos EUA alertou que a guerra entre Israel e Hamas poderia “facilmente” se transformar em um conflito total no Oriente Médio. Antony Blinken, Secretário de Estado dos EUA, viaja pela região para acalmar as tensões e pedir a Israel que faça mais para proteger os civis em Gaza. Enquanto isso, os ataques a navios no Mar Vermelho realizados pelos houthis levaram os EUA e seus aliados a considerar a possibilidade de atacar alvos no Iêmen, onde os rebeldes apoiados pelo Irã estão baseados.

💊 De olho no lucro futuro. A Merck está em negociações avançadas para adquirir a Harpoon Therapeutics, fabricante de medicamentos contra o câncer, por cerca de US$ 700 milhões, disseram à Bloomberg fontes a par do assunto. Um acordo poderá ser anunciado dentro de alguns dias, se as negociações não fracassarem. A Merck discute o pagamento de cerca de US$ 23 por ação da Harpoon, sediada em South San Francisco.

A farmacêutica busca novas fontes de crescimento, já que seu medicamento mais vendido, a imunoterapia contra o câncer Keytruda, provavelmente enfrentará pressão de preços no final desta década. O Keytruda gerou US$ 20,9 bilhões em 2022, o que o torna um dos medicamentos mais vendidos do mundo.

📈 O vaivém dos ativos nesta manhã. Os contratos futuros de índices dos EUA operavam em queda. Na Europa, as bolsas trabalhavam quase todas no vermelho. No encerramento do mercado acionário da Ásia, os índices caíram em bloco (hoje é feriado no Japão). O prêmio de risco do título de 10 anos dos EUA baixava para 4,05%. Tanto o ouro como os contratos de petróleo WTI recuavam. Entre as divisas, iene, euro e libra se depreciavam frente ao dólar. O Bitcoin retrocedia, para abaixo dos US$ 44.000.

(Com informações de Bloomberg News)

🗓️ AGENDA: Os eventos e indicadores em destaque hoje e na semana →

Os mercados esta manhã
🔘 As bolsas na sexta-feira (05/01): Dow Jones Industrials (+0,07%), S&P 500 (+0,18%), Nasdaq Composite (+0,09%), Stoxx 600 (-0,27%), Ibovespa (+0,61%)
Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.