Bloomberg — A participação dos Estados Unidos nos fluxos globais de investimento em ações despencou em 2025, segundo estrategistas do Bank of America, à medida que a guerra comercial levanta questionamentos sobre o chamado “excepcionalismo americano”.
Os fundos de ações americanos atraíram pouco menos da metade do total de investimentos globais neste ano até o momento, comparado aos 72% registrados em 2024, informou a equipe do BofA em relatório, citando dados da EPFR Global.
Os investimentos estrangeiros diminuíram para menos de US$ 2 bilhões nos últimos três meses, uma queda significativa em relação aos US$ 34 bilhões de janeiro.
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A política comercial imprevisível do presidente Donald Trump, o déficit fiscal em crescimento acelerado e a desvalorização do dólar prejudicaram o interesse dos investidores pelos ativos americanos.
Embora o índice S&P 500 tenha se recuperado da baixa de abril - depois que Trump pausou as tarifas mais severas em um século - o principal índice americano ainda fica atrás de seus equivalentes internacionais neste ano.
Alguns gestores de fundos alertaram que os Estados Unidos deixaram de ser um destino seguro para investidores estrangeiros devido aos riscos políticos criados pelo governo Trump.
A recente recuperação do S&P 500, puxada pelo setor de tecnologia e atingindo novos recordes, sugere que os investidores subestimam o impacto econômico das tarifas mais altas, disseram analistas do UBS nesta semana.
Os mercados também rapidamente ignoraram os últimos sinais de tensão crescente entre o presidente e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.
Trump, que tem pedido repetidamente ao banco central para reduzir os custos de empréstimos, discutiu com legisladores republicanos a possibilidade de demitir o chefe do Fed.
O estrategista do BofA, Michael Hartnett, disse em nota na sexta-feira que os investidores estavam “antecipando” uma capitulação do Fed em relação às taxas de juros.
Ele reafirmou sua opinião de que uma bolha estava se formando nas ações americanas, e que o sinal mais claro disso seria se o mercado ignorasse um aumento nas expectativas de inflação e os rendimentos dos títulos atingissem novos patamares máximos.
Na quinta-feira, o governador do Fed, Christopher Waller, cujo nome tem sido mencionado entre os possíveis sucessores de Powell, defendeu que os formuladores de política monetária reduzam as taxas de juros ainda este mês para apoiar um mercado de trabalho que, segundo ele, tem mostrado sinais de enfraquecimento.
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