Bloomberg — As ações recuavam na Europa nesta manhã de quinta-feira (19) diante dos crescentes rumores de que os Estados Unidos apoiarão diretamente Israel em sua guerra contra o Irã, o que alimenta a incerteza geopolítica e as preocupações sobre o impacto inflacionário dos preços mais altos do petróleo.
O índice Stoxx 600 da Europa recuou perto de 0,40%, colocando o indicador em curso para um terceiro dia de perdas. As ações asiáticas caíram perto de 1%.
Os futuros de ações dos EUA também caíram, enquanto o dólar pouco se alterou em relação a uma cesta das principais moedas.
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A negociação à vista de ações na Bolsa de Nova York e na Nasdaq e de títulos do Tesouro dos EUA está fechado para o feriado de Juneteenth, ou Dia da Libertação em português.
No Brasil, os mercados também não operam por causa do feriado de Corpus Christi.
Embora a maior parte da reação dos preços a uma semana de conflito no Oriente Médio tenha se concentrado até agora no petróleo, os temores de uma escalada esfriaram o sentimento dos investidores em todas as áreas.
Anteriormente, a Bloomberg News noticiou que altos funcionários dos EUA estão se preparando para um possível ataque ao Irã nos próximos dias.
Os mercados já estavam nervosos depois que o Federal Reserve rebaixou suas estimativas de crescimento para este ano e projetou uma inflação mais alta.
“Se os EUA fizerem um ataque, você verá uma grande reação instintiva”, disse Neil Wilson, estrategista de investidores do Saxo UK. “Ninguém vai querer fazer grandes apostas longas.”
Há dias, Trump vem cogitando publicamente a possibilidade de convocar um ataque ao Irã. Ele disse aos repórteres na Casa Branca na quarta-feira que prefere tomar a “decisão final um segundo antes do momento certo” porque a situação no Oriente Médio é fluida.
As chances de os EUA se envolverem são “bastante altas neste momento”, disse Anna Rosenberg, chefe de geopolítica do Amundi Investment Institute.
“Para os EUA, este é o momento de eliminar uma grande dor de cabeça geopolítica, que é o Irã potencialmente desenvolvendo uma arma nuclear”, disse Rosenberg à Bloomberg TV. “Dito isso, agir também traz muitas consequências. Trump terá de tomar uma decisão realmente difícil.”
Na primeira de uma série de decisões de política monetária na Europa, o Banco Nacional da Suíça reduziu sua taxa de juros para zero. Os formuladores de política monetária do país tentam impedir que os investidores valorizem ainda mais o franco, que ganhou quase 10% de valor em relação ao dólar até agora neste ano.
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O banco central da Noruega surpreendeu com sua primeira redução pós-pandemia dos custos de empréstimos, com as autoridades sinalizando que a inflação foi suficientemente controlada para aliviar ainda mais a constrição este ano.
Ainda nesta quinta-feira, é provável que o Banco da Inglaterra mantenha as taxas de juros em 4,25% e sinalize que mantém sua abordagem de um corte a cada duas reuniões, já que as autoridades tentam encontrar um equilíbrio entre a inflação elevada, os preços mais altos do petróleo e uma economia em desaceleração.
No mercado de commodities, os preços do petróleo oscilaram com o mercado focado nas hostilidades no Oriente Médio.
O Brent se aproximou dos US$ 77 por barril, depois de fechar marginalmente em alta na quarta, e o West Texas Intermediate foi negociado abaixo dos US$ 76.
“O envolvimento direto dos EUA em um ataque ao Irã quase certamente provocaria um grande aumento nos preços do petróleo”, disse Manish Bhargava, CEO da Straits Investment, com sede em Singapura.
“Esse aumento agravaria a inflação global, dificultando os esforços dos bancos centrais - como o Fed - para controlá-la e, possivelmente, atrasando os cortes nas taxas de juros.”
Na quarta-feira, o Fed votou por unanimidade para manter sua taxa de referência no intervalo entre 4,25% e 4,50%.
O presidente do Fed, Jerome Powell, observou em entrevista coletiva após a decisão que as tarifas comerciais provavelmente aumentarão os preços e acrescentou que os efeitos sobre a inflação poderiam ser mais persistentes.
Embora a expectativa mediana dos diretores de dois cortes nas taxas de juros em 2025 não tenha se alterado, várias autoridades reduziram suas projeções.
-- Este artigo foi produzido com a ajuda da Bloomberg Automation.
-- Com a colaboração de Joanne Wong e Jiyeun Lee.
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