Bloomberg — As fissuras no mercado de trabalho provavelmente levarão o Federal Reserve a realizar uma sequência de cortes das taxas de juros nos próximos meses, começando com uma redução na próxima semana, de acordo com economistas consultados pela Bloomberg News.
A mediana dos entrevistados prevê dois cortes até o final do ano, mas uma minoria considerável — mais de 40% — prevê três reduções.
Entre os que preveem dois movimentos, os economistas se dividiram quase igualmente sobre se um segundo corte ocorreria em outubro ou dezembro.
Os investidores se inclinam mais fortemente para a direção de três cortes neste ano, com os futuros de fundos federais precificando quase totalmente esse cenário.
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Quase 90% dos entrevistados também esperam que as autoridades do Fed alterem o comunicado pós-reunião para enfatizar maior atenção aos riscos do mercado de trabalho.
O novo comunicado será divulgado em 17 de setembro, às 14h (hora local) de Washington. O presidente do Fed, Jerome Powell, deve realizar uma entrevista coletiva de imprensa 30 minutos depois.
“O equilíbrio de riscos em torno do duplo mandato do Fed de estabilidade de preços e emprego máximo está pendendo para um lado, em que o mercado de trabalho é a maior preocupação”, escreveu James Knightley, economista-chefe internacional do ING, em comentários enviados com suas respostas.
O FOMC (Federal Open Market Committee, comitê do Fed que define a taxa de juros) afirmou, após a reunião de julho, que o mercado de trabalho ainda estava “sólido”, mas os dados econômicos mais recentes desafiavam a visão.
A taxa de desemprego subiu para 4,3% em agosto, e as revisões apontaram para uma forte desaceleração nas contratações nos últimos meses. Na semana passada, o crescimento médio mensal do emprego no ano até março também foi revisado para baixo em cerca de metade.
Powell abriu a porta para um corte dos juros durante um discurso em Jackson Hole, no estado americano de Wyoming, em agosto, quando ele disse que uma “mudança no equilíbrio de riscos” poderia justificar a intervenção do banco central para evitar o aumento do desemprego.
Até junho de 2026, os entrevistados preveem que o limite superior da projeção da taxa dos fundos federais será de 3,5%, um ponto percentual abaixo de onde está agora.
A grande maioria afirmou que o banco central enfrenta riscos de alta tanto para o desemprego quanto para a inflação, de acordo com a pesquisa, realizada de 5 a 10 de setembro. Ainda assim, apenas dois dos 42 entrevistados previram uma recessão nos próximos 12 meses.
Mais dissidências
Economistas preveem que o presidente Powell enfrentará um comitê fragmentado na próxima semana, com possíveis dissidências de ambos os lados do corte previsto de 0,25 ponto percentual.
Grandes minorias acreditam que os diretores Michelle Bowman e Christopher Waller devem discordar novamente, desta vez a favor de uma redução de 0,5 ponto percentual. Ambos votaram a favor de um corte de 0,25 ponto percentual em julho, quando o FOMC manteve as taxas inalteradas.
Um número semelhante de entrevistados espera que Stephen Miran, presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, também discorde em favor de uma redução maior, caso seja confirmado pelo Senado e empossado como diretor do Fed a tempo para a reunião.
No extremo oposto, o presidente do Fed de Kansas City, Jeff Schmid, é visto como o mais propenso a votar a favor da manutenção dos juros.
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