Dos EUA ao Japão e Brasil: decisões sobre juros orientam os investidores na semana

Barcelona, Espanha — Os mercados abrem a semana na expectativa de uma série de decisões sobre taxas de juros. Além do Federal Reserve (Fed), o Banco do Japão (BoJ), o Banco da Inglaterra (BoE) e o Banco Central do Brasil definem o custo do dinheiro. Os investidores também monitoram o aumento dos preços do petróleo, cujo barril continua atingindo máximas que não eram vistas há 15 meses.

Os futuros de índices dos EUA operavam com ligeira alta, enquanto as bolsas europeias recuavam. Na Ásia, os principais índices fecharam com sinais mistos e o Nikkei esteve fechado por feriado no Japão.

Segundo a mais recente pesquisa da Bloomberg News com economistas, o Fed deve sinalizar mais uma subida das taxas de juro este ano e a manutenção da taxa no nível máximo no próximo ano por mais tempo do que o esperado.

Clara Raposo, vice-governadora do Banco de Portugal, disse acreditar que o Banco Central Europeu (BCE) poderá ver a inflação regressar ao seu objetivo de 2% mais cedo do que o previsto, devido à fragilidade da economia da região. Martins Kazaks, por sua vez, membro do Conselho do BCE, afirma que apostar em corte de taxas no primeiro semestre do próximo ano seria um erro.

As ações de tecnologia e produtos de consumo são destaque de baixa no mercado europeu, assim como as do banco francês Société Générale (-7%), cujo plano estratégico gerou decepção entre analistas ao mostrar cortes nas metas de receita e rentabilidade. As ações da Nordic Semiconductor também tinha queda depois que a fabricante de chips reduziu as receitas trimestrais e as previsões de margem.

O rendimento do título norte-americano para 10 anos subia para 4,347% às 06:14 (horário de Brasília). Entre as divisas, o euro e a libra se apreciavam pouco em relação ao dólar.

Em outros mercados, o ouro e bitcoin subiam, assim como os contratos de petróleo WTI, cotados ao redor de US$ 91. Os investidores buscam pistas sobre as perspectivas de fornecimento global quando o ministro da Energia saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, dizer seu discurso hoje em uma conferência do setor.

→ O que move os mercados hoje

🔝 Aposta em datacenter. A empresa de investimentos KKR (KKR) vai desembolsar US$807 milhões para adquirir uma quinta parte dos negócios regionais de datacenter da Singapore Telecommunications (Singtel), em uma nova aposta na infraestrutura digital asiática. As empresas globais de private equity têm deixado de focar em aquisições para se tornarem casas de investimento com portfólios de ativos alternativos, como infraestrutura e imóveis. E a Ásia está receptiva.

🇮🇳 Longe da China. A Foxconn, principal parceira da Apple (AAPL) na Ásia, planeja duplicar investimentos e contratações na Índia, destacando uma mudança acelerada da produção para longe da China à medida que aumentam as tensões entre Washington e Pequim. A empresa taiwanesa planeja dobrar o tamanho de seus negócios no país em 2024, sem detalhar o plano.

💰 Investimentos na Turquia. O grupo Alibaba (BABA) avisou que pretende ampliar os investimentos na Turquia em US$2 bilhões. O anúncio, feito após encontro de Michael Evans, chefe da empresa chinesa, com o presidente Recep Tayyip Erdogan, não detalhou o aporte, mas a empresa já investiu US$1,4 bilhão no país através da Trendyol, o maior mercado de comércio eletrônico da Turquia. Elon Musk também esteve com Erdogan em Nova York discutindo uma potencial fábrica da Tesla (TSLA).

💲 Mais IPOs. A Klaviyo, fornecedora de marketing e automação de dados, elevou sua meta para US$557 milhões no IPO que deve ser a terceira grande listagem dos EUA em uma semana. A faixa de preço de lançamento passou para US$27 a US$29 por ação, segundo a Bloomberg, o que levaria a empresa a uma avaliação de cerca de US$8,7 bilhões. Na Alemanha, a Schott AG pretende levantar até €859 milhões (US$917 milhões) com a listagem de sua divisão de vidros médicos, o que representará uma das maiores listagens alemãs de 2023.

🇬🇧 Moradia sob pressão. O preço dos aluguéis bateu novo recorde no Reino Unido e subiu 12% em agosto, ritmo mais rápido em pelo menos uma década, chegando a 1.300 libras. Essa pressão inflacionária é uma preocupação antes da decisão do BoE sobre os juros, no final desta semana.

🧧 Na corda bamba. Autoridades chinesas detiveram funcionários da incorporadora inadimplente China Evergrande, levando a crise imobiliária do país à justiça criminal. As ações da empresa despencaram até -25% em Hong Kong. A Country Garden, por sua vez, enfrenta o fim do prazo para votação dos credores sobre a extensão de prazo por três anos para pagamento de um título em yuan. Além disso, encerra-se o prazo inicial para pagar US$15,4 milhões em juros de títulos em dólares.

👁️‍🗨️ Risco para 2024. Michael Wilson, estrategista do Morgan Stanley (MS), que manteve sua visão pessimista sobre as ações em 2023, apesar do avanço de 16% do S&P 500, disse que 2024 parece agora um ano “mais desafiante para os ativos de risco em relação a 2023″, escreveu Wilson, citando o risco de recessão nos EUA.

🟢 As bolsas na sexta-feira (15/09): Dow Jones Industrials (-0,83%), S&P 500 (-1,22%), Nasdaq Composite (-1,56%), Stoxx 600 (+0,23%), Ibovespa (-0,53%)

A venda maciça de ações no dia de vencimento de derivativos vinculados a ações, opções de índices e futuros ampliou a volatilidade nas bolsas dos EUA e levou a um fechamento negativo. As big techs lideraram as perdas, como Nvidia, Meta e a recém listada Arm..

→ Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Feriado: Japão

• EUA: Índice NAHB de Mercado Imobiliário/Set, Transações Líquidas de Longo Prazo/Jul, Fluxo Líquido de Capital/Jul, Compras Líquidas Estrangeiras de T-bonds/Jul

• Europa e Ásia: Sem indicadores de destaque

• América Latina: Brasil (IGP-10/Set, Boletim Focus, IBC-Br/Jul); México (Demanda Agregada e Gastos Privados/2T23)

• Bancos centrais: Relatório Mensal-Bundesbank, Discurso de Fabio de Panetta (BCE)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

Leia também

Os 500 mais influentes da América Latina em 2023

Petrobras: ministro de Energia eleva pressão sobre dívidas fiscais de bilhões