Dona da Gucci faz alerta sobre vendas e anula US$ 7,6 bi em valor de mercado

A Kering tem tentado revitalizar a Gucci, a marca italiana que representa cerca de dois terços do lucro do grupo de moda, mas sem sucesso

Ações da dona da Gucci, Kering, chegaram a cair até 14% nesta quarta
Por Eric Pfanner - Angelina Rascouet
20 de Março, 2024 | 08:10 AM

Bloomberg — As ações da Kering despencaram depois que o grupo de luxo francês alertou que as vendas da Gucci, sua maior marca, caíram cerca de 20% no primeiro trimestre.

Os papéis caíram até 14% no início das negociações em Paris, eliminando mais de 7 bilhões de euros (US$ 7,6 bilhões) de seu valor de mercado.

A queda nas vendas da Gucci, devido a uma baixa mais acentuada do que o esperado na região Ásia-Pacífico, aumenta a diferença entre a empresa e seus concorrentes mais fortes.

O grupo de moda tem tentado revitalizar a Gucci, a marca italiana que representa cerca de dois terços do lucro, sem sucesso.

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Queda das vendas aumenta a diferença entre a empresa e seus concorrentes mais fortesdfd

Controlada pela família bilionária Pinault, a Kering tem lutado para acompanhar os concorrentes, como LVMH Moet Hennessy Louis Vuitton e Hermes International, à medida que as vendas de luxo têm esfriado nos últimos anos, especialmente na China.

O amplo portfólio de marcas da LVMH e as longas listas de espera da Hermes para bolsas tornaram essas empresas mais resilientes.

“A Gucci tem enfrentado alguns problemas específicos há alguns trimestres, mas os novos dados aumentarão ainda mais as preocupações sobre o estado dos gastos dos consumidores e da economia da China”, escreveram analistas da Vital Knowledge em uma nota aos clientes.

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No geral, as vendas comparáveis ​​da Kering, que também possui marcas como Yves Saint Laurent e Balenciaga, deverão cair cerca de 10% nos primeiros três meses de 2024, disse a empresa.

Novo designer

As vendas da Gucci caíram nos últimos meses do ano passado, pois a marca lutou para atrair mais compradores ricos para seus cintos Double G caros e suas pantufas Princetown.

Sabato De Sarno foi nomeado como o novo designer da marca no ano passado e ele apresentou sua primeira coleção em setembro em Milão, que mostrava uma estética mais elegante e minimalista em comparação com os looks extravagantes de seu antecessor, Alessandro Michele.

"O júri ainda está decidindo se os chineses vão gostar do luxo discreto de Sabato De Sarno", disse o analista Luca Solca e seus colegas da Bernstein, referindo-se à tendência atual de looks mais sutis.

Os primeiros produtos prêt-à-porter da última coleção estão recebendo uma "recepção muito favorável", de acordo com a Kering. Sua disponibilidade aumentará nos próximos meses, disse a empresa.

O novo design da Gucci que foi anunciado no ano passado (Foto: Emma McIntyre / Getty Images)dfd

O anúncio inesperado da Kering é um “sinal bastante preocupante para o setor de bens de luxo”, escreveu Thomas Chauvet, analista do Citigroup (C).

Sua maior marca está sofrendo por "estar no meio de uma grande transição de design e gestão, com baixo desempenho de itens existentes e penetração limitada dos produtos iniciais" da nova coleção, que haviam sido entregues apenas a um terço da rede de lojas até meados de fevereiro, acrescentou.

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Embora a Kering esteja enfrentando problemas específicos da Gucci, os investidores de algumas outras empresas de moda ficaram assustados com seu aviso.

As ações da Prada despencaram até 11% em Hong Kong.

Com uma recuperação lenta na China, as empresas de luxo ficaram mais dependentes dos Estados Unidos. Isso não é uma boa notícia para a Gucci, que está particularmente exposta ao mercado asiático. A empresa planeja divulgar os números de receita trimestral no dia 23 de abril.

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